FABRÍCIO ARAÚJO E POLYANA GIRARDI
Editoria de Cidades
Folha vem recebendo diariamente reclamações sobre falta de água em diversos bairros de Boa Vista. Edmundo Ferreira, morador do Professor Araceli Souto Maior, afirmou que o desabastecimento ocorre no bairro há cinco meses e já foram feitas centenas de ligações para a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr), mas a resposta é sempre a mesma, de que uma equipe da empresa está tentando solucionar o problema.
Ainda de acordo com a reclamação do morador, nos últimos cinco meses a água chega às torneiras por volta de 1h da madrugada, quase pingando, e às 2h os moradores já sofrem novamente com a suspensão do fornecimento, que só volta às 5h e por volta das 6h falta mais uma vez.
“Sei que temos direito a dar uma vida digna às nossas famílias e a água é de suma importância, temos crianças que precisam ir à escola, roupas para serem lavadas e outras necessidades básicas do dia a dia de uma família”, declarou Ferreira.
Há alguns meses, os moradores organizaram um protesto em que queimaram pneus e fecharam uma via no bairro. Edmundo Ferreira chegou a conversar com o então presidente da empresa e foi informado que um poço estava sendo feito no bairro Brigadeiro para suprir a demanda, mas até o momento nada foi resolvido.
“Vivemos um inferno, isso não é vida, é um sofrimento! Porque você tem que trabalhar todos os dias, mas à noite tem que ficar acordado para ver se consegue um ou dois garrafões de água. Isso é absurdo! Não se vive com dignidade, você envelhece rapidamente porque você não dorme. Um horror! E não sabemos a quem recorrer. Talvez tenha que sair do trabalho para ir em busca dos seus direitos, quando na verdade o Poder Público deveria se aproximar da população para resolver ou amenizar o problema”, desabafou.
REPETIÇÃO – No Cambará, os moradores também lidam com a falta de água há mais de um ano. De acordo com Álvaro Alves, morador do bairro, é comum faltar água por até 12 horas. Às vezes, até mesmo em dias consecutivos.
“Meio-dia é mais constante. As pessoas saem do trabalho, chegam da escola e não tem água, somente em torneiras baixas e para quem tem caixa d’água em casa. Não tem dia específico para faltar. Ocorre de faltar também durante a noite”, declarou.
Alves afirmou que há serviços ocorrendo no bairro há um ano e meio e que foi justamente neste período que o problema começou. E a obra foi recentemente embargada.
O OUTRO LADO – Em nota, a Caerr informou que durante o período de estiagem há uma redução no nível do Rio Branco e, consequentemente, uma queda na pressão das redes nos bairros mais distantes, considerados ponta de rede. Entre eles, estão os bairros Araceli e Cambará. Além disso, o consumo aumenta significativamente neste período. Porém, mesmo com este quadro, a companhia afirma descartar a possibilidade de racionamento.
Ainda de acordo com a nota, a companhia está buscando soluções para manter a normalidade do sistema e pede a compreensão de todos os moradores para o uso racional da água durante as manobras realizadas pelos técnicos.
“Qualquer dúvida pode ser esclarecida pelos canais diretos de comunicação disponibilizados pela empresa, entre eles o 0800 280 9520, das 7h às 18h, de segunda a sexta-feira, sábados, domingos e feriados, das 8h às 18h, o aplicativo de celular Caerr Mobile, que possibilita o acesso aos serviços da empresa e o portal www.caerr.com.br, que possibilita ao cliente sugerir e registrar demandas por meio do atendente virtual ‘Ed’”.