Cotidiano

Consumidores recebem conta de luz com valor reajustado e retroativo

Morador do bairro São Vicente denuncia que conta de luz referente ao consumo do mês de abril chegou com reajuste, mesmo após a Justiça suspender o acréscimo

Mesmo com a suspensão da liminar que autorizava o aumento de 40,33% para residências e 43,65% para estabelecimentos comercias na tarifa de energia elétrica cobrada no Estado na quinta-feira, 12, moradores do bairro São Vicente informaram que receberam a cobrança referente ao mês de abril com valor reajustado e com a estipulação da taxa de retroativo. Outros consumidores entraram em contato com a Folha relatando o mesmo problema.

O caso ocorreu na manhã de sexta-feira, 13, quando Ivone Saluce e seu esposo, José Saluce, moradores em uma residência localizada na avenida Getúlio Vargas, receberam a correspondência com a cobrança. Ivone disse que percebeu a diferença no valor cobrado e um novo item especificado de “diferença de tarifa”. “Quando eu peguei a conta, eu estranhei”, disse Ivone. Segundo ela, a primeira coisa de diferente no documento foi o aumento de cerca de quase R$ 30 em relação à conta referente ao mês anterior.

“De abril pra cá, o consumo baixou por conta do início do período chuvoso e por não estar tão quente. A gente já não liga mais o ar condicionado a noite toda e esperava que, com a derrubada da liminar, a conta viesse menor do que a do mês passado, mas ela veio maior mesmo com o consumo sendo menor”, disse Ivone.

Além disso, a moradora informou que fez uma análise comparativa com as cobranças anteriores que estavam guardadas em casa e percebeu um novo valor cobrado. “Nas contas anteriores não tinha esse novo item “diferença de tarifa”, somente as taxas de consumo de energia e de iluminação pública. Então nós fomos pegando as cobranças dos meses passados e vimos que esse era um item novo, que foi adicionado agora”, explicou.

José Saluce disse que o novo item inserido pode causar confusão à população e até prejudicar aquele que não estiver atendo às mudanças das tarifas de energia elétrica. “Vem tudo em sigla, abreviatura, acho confuso. Acredito que alguém pode até já ter pago a conta, se não tiver prestando bastante atenção aos itens”, acrescentou.

O casal informou também que, ao saber da situação, outros vizinhos e moradores próximos relataram que suas contas de energia também vieram alteradas. “Acredito que o problema tenha sido geral”, disse José.

Sobre o aumento de quase 40% na tarifa de energia elétrica, o morador informou que considera a decisão como “abusiva”, ao levar em consideração o salário mínimo do trabalhador. “Eu considero abusivo por que ninguém teve aumento de salário esse ano e nem vai ter, pelo o que eu vejo. Como é que pode aumentar? O salário está congelado. Tudo que a gente compra está aumentando todo dia, como vamos poder viver?”, reclamou José.

CONSCIENTIZAÇÃO – Segundo ele, a forma de driblar a situação econômica é buscar a conscientização da população sobre os agravos que o consumo exacerbado da energia pode causar, a começar dentro da sua própria residência. “Aqui em casa eu sou brigão até demais, até discuto pelo consumo baixo. Porque se a gente economiza energia, a gente economiza água; economizando água, temos mais na nascente dos rios para aumentar a nossa fauna e a nossa flora, e a nossa produção agrícola. Tudo isso aí eu passo em casa. Tem que falar. Nós já estamos pagando caro, e se a gente continuar só usufruindo da natureza, os nossos descendentes vão pagar ainda mais caro”, relatou.

ELETROBRAS – A Folha entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Eletrobras Distribuição Roraima durante o final de semana, por e-mail e telefone, para questionar sobre as cobranças e quais as medidas que a população deve tomar, porém, não obteve resposta até a conclusão desta matéria, às 19 horas. (P.C.)