Cotidiano

Consumidores vão usar 13º salário para pagar dívidas e empréstimos

Previsão é de um Natal afetado pela crise, com orientação para que as pessoas evitem comprar aquilo que está fora de seu alcance

Com a proximidade das festas de final de ano, o consumidor roraimense começa a planejar como vai gastar seu 13º salário. Conforme dados de uma pesquisa divulgada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o pagamento de dívidas será a principal destinação deste benefício. Pelo menos, essa foi a resposta de 74% dos 1.037 brasileiros entrevistados.

Embora Roraima não tenha participado dessa pesquisa, o economista Raimundo Keler afirmou que os números no Estado não podem ser diferentes do restante do País e ainda com um agravante. “A grande maioria dos consumidores vai usar o décimo terceiro para pagar dívidas. E o pior é que ainda não vai dar para quitar toda a dívida e as pessoas vão entrar no ano novo endividadas”, disse.

A quitação de débitos apareceu no topo da lista também nos dois anos anteriores, mas o percentual cresceu 8,2% na comparação com 2014, quando 68% indicaram a utilização para o dinheiro extra. A pesquisa aponta que a maior parte dessas dívidas (83%) está relacionada a cartões de crédito (44%) e cheque especial (39%). Em seguida, aparecem os débitos com financiamento bancário (7%), regularização do nome (4%), prestações do comércio (4%) e dívidas diversas, como tarifas de serviços públicos (2%).

Empatadas em segundo lugar na lista de destinação do décimo terceiro, com 8% das respostas, estão os que pretendem utilizar parte para compra de presentes e os que preferem poupar e aplicar parte do dinheiro para pagamento de despesas comuns no começo do ano, como material e matrícula escolares, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores Terrestres (IPVA). Houve redução de 27,27% nesses itens em relação à pesquisa de 2014.

Keler informou que os economistas de todo Brasil orientam que os consumidores tenham cautela e evitem empréstimos e financiamentos e, se puderem, negociem também as férias para pagamento de dívidas e evitem as compras desnecessárias no período. “É melhor ficar sem o dinheiro do décimo e das férias e pagar as dívidas do que cair na tentação de empréstimos com juros altíssimos, em especial o cartão de crédito, e acabar numa bola de neve”, frisou.

Ele orienta os consumidores a evitarem também as despesas com festas de Natal e Fim de Ano, só comprando o que puder pagar. “A previsão é de um Natal magro este ano. Se não der para fazer a ceia com produtos importados, como nozes, tâmaras e damasco, que estão mais caros pela alta do dólar, experimente os produtos e frutas regionais, como a paçoca, a banana, a melancia e a goiaba. Sai bem mais barato”, frisou. (R.R)      

Pesquisa inédita vai mostrar nível de endividamento da família roraimense

Quase metade da renda das famílias brasileiras está comprometida com dívidas, segundo dados divulgados pelo Banco Central do Brasil. O endividamento das famílias chegou a 46,3% em abril, o maior percentual desde o início da pesquisa, em 2005. O BC destaca, no entanto, que a série foi recalculada em março. A conta considera o total das dívidas das famílias em relação à renda acumulada nos últimos 12 meses.

Em Roraima, pela primeira vez, está sendo feita uma pesquisa para mostrar os números desse endividamento das famílias no Estado. Os dados preliminares devem ser divulgados no próximo mês, segundo informou o economista Raimundo Keler, responsável pela equipe de profissionais que está coletando os dados.  

“Vamos mostrar como estão a economia e o nível de endividamento das famílias em Roraima, mas acredito que não apresente muita diferença em relação ao restante do País”, disse. “Podemos até projetar, pelo nosso conhecimento da economia do Estado, que é provável que o percentual de pessoas endividadas em Roraima esteja um pouco maior que a média nacional. Mas vamos aguardar o resultado da pesquisa”.

Os dados do Banco Central também mostram que as famílias comprometeram, em abril, 21,98% da renda para pagar as dívidas daquele período. O chamado comprometimento da renda das famílias está praticamente estável desde fevereiro.