Moradores da região do Passarão, a 30 quilômetros da sede da Capital pela BR-174, sentido Norte, zona Rural de Boa Vista, denunciam que contrabandistas estão atravessando mercadoria da Guiana, país vizinho a Leste de Roraima, pela balsa que fica no rio Uraricoera.
A equipe de reportagem da Folha foi ontem pela manhã até a travessia da balsa e comerciantes confirmaram a denúncia. Os contrabandistas, principalmente os de alho, utilizam aquela rota para despistar a fiscalização.
Eles pegam a BR-433, que interliga a BR-401 à BR-174. O trajeto começa em Normandia, na fronteira com a Guiana, mas possui entroncamentos com as estradas estaduais RR-171, RR-319 e RR-407.
Fica difícil fiscalizar a rodovia federal, segundo moradores daquela região, porque a BR-433 dá acesso às comunidades de Surumu, Taxi e Contão, em Pacaraima; Socó e Vila Pereira, no Uiramutã, e Normandia. “Há várias rotas que os contrabandistas utilizam, e uma delas é esta, a da balsa do Passarão. Durante a madrugada, a gente vê os carros passarem com mercadorias da Guiana, principalmente o alho”, relatou um comerciante da vila do Passarão, que preferiu não se identificar.
Quem utiliza a balsa reclama que a travessia deixa de ser feita às 18h, mas não para os contrabandistas, que, segundo os denunciantes, pagam para os balseiros atravessarem durante a madrugada.
Um funcionário público, que também não quis se identificar, desmentiu a versão dos denunciantes. Confirmou que a balsa para às 18h, mas alegou que isso acontece porque o rio está cheio, e que operar à noite colocaria a vida dos condutores em risco por causa da rampa de acesso. “A balsa atraca na parte mais alta da rampa, à margem, porque o rio está cheio. E à noite, sem iluminação adequada, há o risco de acidente. Quando o rio fica mais seco, a gente trabalha até as 20h. Mas desconheço que a balsa está fazendo travessia durante a madrugada”, disse o funcionário.
CODESAIMA – A Secretaria de Comunicação do Governo do Estado informou que a Companhia de Desenvolvimento do Estado de Roraima (Codesaima) não recebeu nenhuma denúncia ou reclamação formal a respeito de possível envolvimento de funcionários da balsa no recebimento de propina para atravessar produtos contrabandeados da Guiana fora do horário de funcionamento da balsa, que é das 6h às 18h.
De acordo o presidente da Codesaima, Cícero Batista, será averiguada a veracidade dos fatos e, caso seja comprovado o envolvimento dos servidores, caso sejam efetivos, sofrerão processo administrativo, que poderá culminar com a demissão dos mesmos, e, caso sejam comissionados, serão demitidos imediatamente.
SEM ÊXITO – A reportagem tentou contato ontem à tarde com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para saber sobre a fiscalização na BR-433, mas não conseguiu até o encerramento da matéria, no final da tarde de ontem, dia 31. (AJ)