Cotidiano

Controle da mosca da carambola depende de vontade política, dizem técnicos

O presidente da Aderr, Vicente Barreto, garantiu que as ações de combate à praga estão sendo conduzidas, mas que a população também precisa entender a fiscalização

Desde 2010, a mosca da carambola (Bactroceracarambolae) atinge a produção frutífera de Roraima, destruindo a polpa de frutos como a carambola, caju, laranja, goiaba, manga, jaca, goiaba, pimenta e o tomate. Além da infestação dos alimentos, a praga também causa prejuízos na produção agrícola e a proibição da exportação para outros estados, como o Amazonas.

O diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima (Aderr), Vicente Barreto, afirmou, durante o programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, que as medidas de combate estão sendo executadas, mas que são demoradas, pois servem para garantir a segurança dos produtos e da população. “Infelizmente existe um procedimento para que a gente possa ter segurança com questões que a própria emergência fitossanitária impõe. Nós precisamos ter o controle dessa praga e o controle do trânsito dos frutos que ela hospeda”, disse.

Barreto salientou que uma das ações promovidas para combater a mosca da carambola foi uma reunião junto com representantes da República da Guiana para realização de uma parceria entre os dois países para fiscalização nas fronteiras. “Vai ser uma ação em conjunto com o Ministério da Agricultura, a Guiana e o Brasil, pela Aderr, nessas regiões de fronteira, principalmente nas áreas de difícil acesso”.

Outras medidas apontadas pelo presidente foram a promoção das fiscalizações nas barreiras durante o período de 24h, para garantir que os frutos possam sair do Estado sem serem contaminados; a eletrificação do setor e a segurança dos agentes, por meio de apoio da Polícia Militar de Roraima (PMRR). “A gente está nesse trabalho árduo para que não haja a contaminação nos outros municípios e que fique somente na região onde já estão, em Uiramutã, Normandia, Bonfim e Pacaraima”.

VONTADE POLÍTICA – O presidente também comentou sobre a liberação dos frutos e medidas que poderiam auxiliar os produtores, como o tratamento térmico. “O processo consiste em ‘mergulhar’ a fruta em uma temperatura adequada, em torno de 41º, por volta de 15 minutos, em um recipiente inox”, explicou o presidente.

Segundo ele, o produtor que conseguir comprovar que realizou o procedimento poderia receber o atestado junto à Aderr, de emissão da Permissão de Trânsito Vegetal (PVT), de acordo com as leis federais. No entanto, o procedimento também necessita de uma liberação do Ministério da Agricultura, através de uma instrução normativa, processo similar ao enfrentado no combate à febre aftosa.

De acordo com Patrícia Pereira, chefe do Núcleo de Programas de Defesa Vegetal da Aderr, responsável pelo programa da mosca da carambola, muito desse impedimento é causado por vontade política. Segundo Patrícia, com exceção da barreira, que é um dos critérios exigidos pelo Ministério da Agricultura, o restante já está sendo feito.

“Outro principal critério é que a gente possa respeitar o monitoramento de três vezes o ciclo da praga, que são 378 dias. Em julho completa o período sem ocorrência da praga nas áreas de produção aqui em Boa Vista.

126 propriedades com 200 hectares de área plantada estão sendo monitoradas. Estamos atuando nisso desde o ano passado. A gente precisa que seja feita e publicada essa instrução normativa para que a gente possa liberar esse produto”, afirmou.

Apesar de a questão política ter sido citada, o presidente Vicente Barreto também considerou que outro fundamento que facilita o combate à mosca é a conscientização da população sobre a atuação da agência. “A Aderr está trabalhando. Infelizmente as coisas não são tão rápidas quanto nós gostaríamos que fossem, por várias situações que nós temos que entender e pedimos paciência da população. São ações que têm que ter um amparo técnico. Essa rigorosidade que se pratica é importante, porque, se não, nós não vamos fazer defesa agropecuária”, concluiu o presidente. (P.C.)