O presidente da Coopertan (Cooperativa dos Transportadores de Cargas do Norte), Dirceu Lana, demonstrou preocupação com a situação precária da rodovia federal BR-174 e da estrada venezuelana Troncal 10, que funciona como continuação da via brasileira.
As vias permitem o escoamento da exportação brasileira para o principal parceiro comercial de Roraima. Em 2022, 64,6% das exportações roraimenses foram para o país vizinho, o que representa 274,9 milhões de dólares (crescimento de 12,4% em relação ao ano anterior). Além disso, 99,9% da carga enviada para lá é por via terrestre. As informações são do sistema Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Na rodovia brasileira, o principal trecho alvo de preocupação é o sentido Norte (para Venezuela), onde existem vários buracos e trabalhos de manutenção inacabados. “Está muito precário, com muitos buracos, falta de manutenção em quase toda a sua extensão”, destacou Lana, detalhando que a região das serras é o “pior” e “mais perigoso” trecho, que colocam os caminhões em risco.
A Folha apurou ainda que outro trecho da BR-174 preocupa: o que começa na divisa do Estado de Roraima com o Amazonas, com vários buracos pela rodovia. Procurado, o DNIT ainda não comentou o assunto.
Questionado sobre eventual articulação com o governo federal para recuperar a BR-174, o Governo de Roraima reforçou que a responsabilidade da via é do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), e esclareceu que lhe cabe a participação em determinados convênios de recuperação de trechos para garantir trafegabilidade segura.
“A construção inicial da rodovia não foi projetada para receber grande volume de tráfego de cargas e carretas como atualmente se tem registrado. Por isso, adequações estão sendo feitas agora com novos lotes de obras, focando não apenas no transporte de passageiros, mas também de cargas”, comentou o governo estadual.
Troncal 10
Um vídeo postado pela jornalista venezuelana Yesica Morais mostra o transtorno resultado da falta de manutenção da Troncal 10, com caminhões e ônibus tentando sair de atoleiros. Segundo ela, os piores trechos são os localizados após as cidades de El Callao e San Isidro. “Nas imagens, vemos como em frente ao posto de controle Casa Blanca que permanece antes de chegar a Tumeremo (sentido Ciudad Guayana)”, escreveu.
“Vemos como todos os carros, ônibus, caminhões ou qualquer tipo de veículo que queira passar ficam presos e outros devem recorrer para ajudá-los. Os usuários fazem previsões quando viajam. É feito um apelo às autoridades competentes para que tomem providências, o povo já não aguenta mais”, criticou.
Lana endossa a preocupação porque a principal carga enviada pelos caminhoneiros da cooperativa para todas as cidades do país vizinho são os alimentos e congelados. “A Troncal 10 se encontra muito precária e isso tem impactado a vinda de carretas do lado venezuelano para buscar as mercadorias”, explicou.
A reportagem questionou o Ministério das Relações Exteriores sobre eventual reaproximação do governo brasileiro com o venezuelano para ajudá-lo ou cobrá-lo melhorias na Troncal 10, e foi informada que a consulta será submetida às áreas técnicas do Itamaraty. O texto deve ser atualizado com o posicionamento.
*Por Lucas Luckezie