Cotidiano

Corpo de Bombeiros dá dicas de segurança

O uso de contêineres para os mais diversos fins, seja comercial, como casa, dormitório ou escritório, já é tendência no mundo. Porém, é preciso ter cuidado com incêndios, como os que aconteceram recentemente no alojamento do Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro, e no fim de semana com uma lanchonete no estacionamento do Estádio Canarinho, em Boa Vista. Um dos materiais usados no revestimento, o poliuretano, é tido por especialistas como propagador de chamas. 

Para esclarecer as pessoas que já usam o contêiner ou pretendem adquirir um, a Folha conversou com o coronel Jeferson Abreu, diretor de Prevenção e Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros de Roraima, sobre as orientações que devem ser seguidas para evitar acidentes e incêndios nestes locais.      

O coronel explicou que a principal orientação antes de iniciar o uso do contêiner para qualquer atividade é procurar os Bombeiros para que seja feita uma vistoria no local e saber se está de acordo com o projeto original do engenheiro, do fabricante e com as normas técnicas de segurança e contra incêndios, e assim evitar danos materiais ou até acidentes mais graves.  

Ele explica que para os Bombeiros expedirem uma licença liberando o local para uso, tem que ser apresentada uma série de documentos do proprietário do local, ter sinalização e extintor.   

“Para expedir um auto de liberação de um contêiner, é o mesmo procedimento que fazemos com uma construção de alvenaria. A diferença é que deve haver a certificação do engenheiro ou da empresa que vendeu o contêiner se responsabilizando e atestando o material que foi revestido no local”, afirmou.   

Quanto às vistorias em contêineres, ele afirmou que ainda não houve uma ação especifica em Boa Vista, mas que já está em planejamento.  

“Temos as vistorias geral e de rotina, como fizemos agora no carnaval, e buscamos as pessoas que estão atuando ilegalmente nos comércios, sem licenças e vistorias dos Bombeiros, para dar mais segurança à população que frequenta estes locais”, disse. “Porém, ainda não fizemos uma vistoria específica e direcionada só aos contêineres, mas já estamos em planejamento para iniciarmos uma com a finalidade de dar mais segurança a quem trabalha e a quem frequenta esses locais”, afirmou.

Quanto ao incêndio ocorrido no fim de semana, o coronel disse que as causas ainda não foram apuradas, mas ressaltou que, de modo geral, é comum acontecer na confecção de alimentos de se acumular uma crosta de gordura que deixa o ambiente propício ao fogo.   

“Embora não tenha chegado ainda aos Bombeiros nenhum pedido de laudo pericial para apurar as causas desse incêndio em questão, tão logo chegue, iniciamos em seguida e damos um prazo de 30 dias para concluir”, informou. 

Prefeitura não responde sobre segurança de contêineres 

A Prefeitura Municipal de Boa Vista abriu licitação para aquisição de 50 contêineres que serão transformados em salas de aula para alunos da rede municipal de educação. A Folha questionou a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, por e-mail, se o Executivo está acompanhando como está sendo feita a construção e o projeto de segurança contra incêndios destes contêineres, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.  

O coronel Jeferson Abreu, diretor de Prevenção e Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros, afirmou que não pode emitir opinião no momento, já que a PMBV ainda não procurou o Corpo de Bombeiros para emissão de licenças para funcionamento.

“Até o momento, a prefeitura ainda não procurou a Diretoria de Prevenção de Acidentes para ter os trâmites quanto à regularização desse tipo de sala de aula, mas assim que isso acontecer, vamos exigir a documentação de normas técnicas, pedir um ateste da empresa com relação ao tipo de revestimento da construção e da estrutura do local”, destacou. (R.R)

Contêineres fabricados em Roraima não usam poliuretano

Foto : Priscila Torres

Sílvia Cabral fala de segurança na modificação de contêineres 

O uso de contêineres como casa, escritório e comércio está em expansão em Boa Vista, embora os últimos acontecimentos tenham inibido um pouco os clientes, segundo afirmou Sílvia Cabral, sócia-administradora de uma empresa de construção de contêineres na capital.

No comércio há quase um ano, ela disse que a demanda está aumentando e que o trabalho da empresa é de modificação do contêiner. De acordo com Sílvia, sua empresa não utiliza o poliuretano, um material bastante utilizado em revestimento e que é tido como propagador de chamas. 

“Temos todo o cuidado de certificar quais as condições físicas do contêiner antes de iniciar a modificação, o que transportava antes, se há corrosão”, disse. “E no processo de revestimento, usamos a lã de vidro ou a de rocha e temos tido bons resultados. Não usamos o poliuretano, que é um dos melhores acústicos, mas que gera incidentes, como o que ocorreu no Flamengo”, afirmou.

Quanto à segurança, ela explicou que a empresa conta com projeto arquitetônico, de engenharia e de combate a incêndios.

“No nosso projeto, já tem que ter a saída de emergência, extintor, luzes de emergência e sinalização, e tudo é vistoriado pelo Corpo de Bombeiros que dá o ateste se o que está no projeto é verídico e só depois é que o comprador do contêiner consegue as outras licenças e alvarás para funcionamento, dependendo de que tipo de uso será feito, se comercial ou residencial”, disse. 

Quanto ao incêndio ocorrido no fim de semana em uma lanchonete no estacionamento do Estádio Canarinho, a empresária disse que evitaria opinar sobre as causas já que o contêiner em questão não foi modificado em sua empresa. (R.R)