Cotidiano

Correios decidem suspender férias de funcionários até abril de 2018

Uma nota divulgada pela Diretoria Executiva dos Correios pegou de surpresa os funcionários da instituição. Com o título “Contingenciamento de despesas”, o texto avisa que os servidores terão a concessão de férias suspensa até abril de 2018. “A situação financeira dos Correios exige ações imediatas para reerguer a empresa”, informou a estatal.

Além disso, não haverá convocação de empregados que gerem novas horas extras na empresa, mesmo nos finais de semana. O texto diz que os Correios estão com os custos maiores do que as receitas e acumulam dois anos de prejuízo, que somam aproximadamente R$ 4 bilhões.

O Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos de Roraima (Sintect-RR) informou que estuda entrar com ação coletiva na Justiça contra as medidas anunciadas. Uma paralisação nacional também não está descartada.

Segundo o presidente da entidade, Ariomar Farias, os Correios vêm fazendo plano de contingenciamento desde os primeiros rombos, em 2014. “No nosso ponto de vista essas medidas são um ataque contra o direito dos trabalhadores, que é justamente adiar férias de forma coletiva. É mais um ataque contra a categoria de forma geral e contra a população”, disse.

Para ele, o principal problema enfrentado pela estatal é a falta de gestão. “O problema não é apenas financeiro. Existe uma política deliberada de sucateamento da empresa e esse fechamento de agências, que apesar de não afetar Roraima, vem no sentido de colocar a população contra os trabalhadores como forma de minimizar a privatização, que será a única saída caso não se consiga reduzir os custos”, afirmou.

O sindicalista disse enxergar as medidas de cortes de gastos como forma de tornar a empresa mais rentável no momento em que for privatizada. “Será um atrativo maior na hora de vender e a culpa está caindo nos trabalhadores com a oneração da folha de pagamento junto com os benefícios concedidos através de acordo coletivo, e o ataque maior é em cima das férias e do nosso plano de saúde”, apontou.

A suspensão das férias coletivas dos trabalhadores, para Farias, trará uma série de prejuízos. “Os trabalhadores já tinham se organizado. Isso poderia ter sido anunciado de forma antecipada, pois o nosso calendário de marcação de férias é sempre em outubro do ano anterior, mas a empresa esperou que todos marcassem para dar um golpe e entendemos como terrorismo psicológico contra a categoria”, declarou.

Ele informou ainda, que o sindicato vem participando de reuniões com entidades de outros Estados para discutir a possibilidade de uma ação coletiva contra os Correios. “Estamos debatendo todos esses pontos e buscando alternativas, apesar de sabermos que não irão voltar atrás com relação a adiar as férias. Estamos esperando orientação para discutir juridicamente a possibilidade de uma ação para tentar barrar e resguardar para que o trabalhador não tenha prejuízo”, frisou.

CORREIOS – Em nota, a assessoria de comunicação dos Correios informou que, em função da necessidade de redução de despesas da empresa, está adotando medidas duras que impactam no dia a dia de todos os trabalhadores, porém absolutamente necessárias para a recuperação dos Correios, como a suspensão das horas extras e das férias pelo período de 12 meses. “A partir do momento em que a empresa voltar ao equilíbrio, essas questões poderão ser revistas”, frisou. (L.G.C)