A reclamação de grande parte da população de bairros da zona Oeste, que afirma não estar recebendo correspondências nas residências desde julho, tem uma explicação. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de Roraima (Sintect), faltam carteiros para trabalhar naquela área.
Representantes do sindicato procuraram a Folha para denunciar as más condições de trabalho. Conforme o presidente da entidade sindical, Ariomar Farias, apenas 15 carteiros trabalham na distribuição de cartas em 28 distritos na zona Oeste. Com a falta de efetivo, cerca de 230 mil correspondências estão paradas somente na Agência dos Correios localizada no bairro Asa Branca.
O sindicalista denunciou que os Correios estão priorizando empresários locais e órgãos governamentais na entrega de cartas e que, por isso, parte da população não recebe correspondências. “Estão priorizando empresários locais em detrimento das correspondências dos usuários normais. O fato é que o distrito é composto por áreas mapeadas e divididas em locais de entrega onde cada carteiro faz a distribuição, mas não está sendo feito isso”, afirmou.
Além da contratação imediata de novos carteiros, os trabalhadores pedem incorporação salarial com um reajuste de 9,66%. “Estamos em negociação há 30 dias e a proposta é ruim. A maioria das cartas que não são entregues corresponde a faturas de cartão de crédito e bancos e a população está sem recebê-las”, disse Farias.
A proposta apresentada pelos Correios no dia 03 de setembro, de acordo com o sindicato, foi nenhum percentual de reajuste salarial e ainda a cobrança na taxa mensal do plano de saúde da categoria, o que deixou os trabalhadores inconformados. “O nosso piso atual é de R$ 1.168,00 e estamos pedindo um reajuste conforme a inflação do período. Além de não dar esse aumento, os Correios estão cobrando uma taxa de 13% do salário bruto no plano de saúde”, explicou o presidente.
Ele informou que representantes de sindicatos de vários estados estiveram em um encontro nacional em Brasília, onde discutiram a recusa da proposta após reunião em assembleia. Sem acordo, cerca de 230 profissionais que trabalham nas mais de 20 agências dos Correios em Roraima devem deflagrar greve na próxima quarta-feira, 16. “Se até terça-feira não encaminharem nova proposta para nós, vamos iniciar a greve”, declarou.
Conforme Farias, o projeto do Governo Federal levará a empresa para a abertura de mercado e a consequente privatização. “Os Correios estão lutando para acabar com o monopólio de entrega de cartas porque, segundo eles, o setor postal não dá nenhum retorno como a distribuição de encomendas via Sedex ou PAC. Enquanto isso, a população amarga a falta de carteiros”, frisou.
CORREIOS
Em nota, os Correios em Roraima informaram que há mais de 20 carteiros atuando na região mencionada na matéria e que quanto ao acúmulo de correspondências, a empresa vem tomando providências para reforço de pessoal, de forma a regularizar as entregas, como redistribuição de cargas, horas extras remuneradas e mutirões aos finais de semanas e feriados.
“Os Correios não estão fazendo diferenciação entre destinatários para a entrega, como informa a matéria. A distribuição prioriza cartas e encomendas conforme o prazo de entrega contratado, como por exemplo, o SEDEX”, diz trecho do material encaminhado.
“Diferente do que informou o sindicado, não haverá qualquer alteração no plano de saúde para os atuais trabalhadores dos Correios. Quanto ao reajuste, no momento a empresa e as representações sindicais estão em fase de negociação. Também não existe projeto de privatização dos Correios. O que está em andamento é um processo de revitalização para fortalecer os Correios como empresa pública, com a diversificação de atividades de forma a garantir a sustentabilidade da empresa perante a redução do tráfego de mensagens físicas. Este tipo de reestruturação já vem sendo trilhado há mais de 10 anos com sucesso pelos maiores operadores postais do mundo”, finaliza a nota.