Cotidiano

Cresce desemprego em Roraima no terceiro trimestre do ano

Roraima possuiu 13,5% da sua população desocupada no terceiro trimestre deste ano, ficando acima da média nacional de desemprego, que é de 11,9%

Contrariando a tendência nacional de diminuir ou estabilizar da taxa de desemprego em todos os estados, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou em pesquisa divulgada nessa quarta-feira, 14, que Roraima é o único estado que apresentou crescimento na taxa de desemprego do 2º para o 3º trimestre deste ano, indo de 11,2% para 13,5%. A média nacional é de 11,9%.

A taxa de desemprego em Roraima vem crescendo de forma sucessiva desde o 3º trimestre de 2017. Na época, esse percentual era de 8,9%, subindo para 9,4%, iniciando 2018 com 10,3%, seguindo para 11,2% e, saltando 2,3 pontos percentuais, 13,5%, referente à empregabilidade nos meses de julho, agosto e setembro. Colocando em números brutos, em um ano, o número de desempregados cresceu de 19 mil para 30 mil.

Falando de ocupações em geral, o mesmo período do ano passado contou com uma taxa de 55,6% da população, enquanto com a pesquisa divulgada, esse percentual é de 54%. A queda mais drástica foi no setor privado, que do 3º trimestre de 2017 para cá diminuiu de 69 mil para 64 mil contratados.

No mesmo período, o setor público contratou 5 mil pessoas, mas diminuiu 2 mil no quadro de efetivos. No total, a última pesquisa aponta que existem 56 mil pessoas trabalhando na esfera pública, com somente 2 mil tendo carteira assinada. No setor do trabalho doméstico, houve um crescimento de 11 para 13 mil, com 10 mil destes sendo sem carteira assinada, no terceiro trimestre deste ano.

O professor de sociologia e coordenador do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Carlos Alberto de Souza Cardoso, afirmou que os dados podem ser interpretados como sinais de uma crise econômica que já vem se alastrando há mais de um ano, e chegou em seu ponto crítico em outubro.

“Dá para se observar, de uma forma simples, que o quadro econômico que o estado se encontra já vem deteriorando dentro da atual gestão, por falta de incentivos governamentais na área do comércio e agricultura. Inclusive, essa falta de geração de emprego também está se refletindo na própria agropecuária, setor considerado como mais promissor em Roraima, principalmente na agricultura familiar”, disse.

Ele também comentou que é difícil especular o que a próxima pesquisa de desemprego do IBGE vai apontar, mas com a falta de pagamento de servidores públicos, dá para imaginar que a tendência é de que haja uma nova subida, mais drástica, deste índice.

“Com a atual crise econômica, que piorou de maneira significativa em outubro com todo o problema da falta de pagamento dos servidores, é fato de que os dados da próxima pesquisa que for divulgada, do 4º trimestre do ano, serão bem mais preocupantes, uma vez que o serviço público é importante para a circulação econômica em comércios, incentivando inclusive as contratações de final de ano. Não é possível especular o quanto essa situação estará agravada, mas será um quadro que ainda demorará meses para ser revertido”, concluiu o especialista.