O tráfico de drogas foi o responsável por levar, no ano passado, 57 mulheres para a prisão em Roraima. A média, no Estado, é de quase cinco mulheres presas por mês por conta desse tipo de crime. Os dados são da Polícia Civil de Roraima (PCRR). Do total de mulheres presas por tráfico no ano passado, 42 foram na Capital e o restante nos municípios do interior.
Somente no primeiro semestre deste ano foram registradas outras 10 prisões, sendo oito na Capital e duas no interior. Os números não computam as prisões feitas nos meses de julho, agosto e setembro. Na segunda-feira, 18, a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e o Departamento de Narcóticos (Denarc) deram continuidade a uma operação e prenderam três mulheres envolvidas com o tráfico de drogas.
O crime é o mesmo de 80% das detentas que cumprem pena na Cadeia Pública Feminina de Boa Vista, 15% estão presas por homicídio e o restante por outros crimes. Geralmente, quando mais de uma pessoa é presa por tráfico, já é imputada uma pena agregada de associação ao crime. No caso de acontecer em região de fronteira, vira tráfico internacional, com a pena ainda maior.
CRIME ORGANIZADO – Em entrevista à Folha, o delegado João Evangelista, titular da DRE, disse que algumas das mulheres presas por tráfico têm ligação com o crime organizado. “Não poderia dizer a maioria, mas existe percentual razoável que tem relação”, afirmou.
Segundo ele, as prisões vêm diminuindo porque a Polícia Civil tem intensificado o trabalho de investigação. “Estamos trabalhando menos com flagrante e mais com análise de dados, investigações mais detalhadas e isso demora mais”, explicou.
Segundo Evangelista, as investigações têm sido feitas no sentido de identificar rotas de tráfico em Roraima. “Tentamos investigar pontos estratégicos de venda de drogas, além de saber como o crime organizado também está se aperfeiçoando”, destacou.
Para o delegado, Roraima é uma das principais rotas do tráfico do País. “De fato, o que se observa é que Roraima é uma rota. Por várias vezes a Polícia Federal identificou pessoas trazendo drogas de Manaus [AM] para embarcar em Boa Vista. Já fizemos apreensões em Pacaraima e Bonfim, e é obvio que existe uma rota de tráfico não apenas para comércio local como rota de passagem”, frisou.
PESQUISA – O cenário do crescimento da participação de mulheres no tráfico de drogas e crime organizado tem motivado estudantes de direito a realizarem pesquisas sobre o assunto. Foi o caso da acadêmica Sandra Maria, que está produzindo um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) após ter lido matérias na Folha.
“A minha curiosidade começou após eu ler as matérias da Folha sobre as prisões de mulheres. Percebi que a quantidade de mulheres presas por tráfico era grande e tive a curiosidade de saber o motivo de estarem sendo presas por isso”, disse.
Apesar do esforço, ela afirmou não estar sendo nada fácil desvendar as prisões e o que leva essas mulheres a entrarem no mundo do crime. “Não se encontra detenta ou ex-detenta para falar. Queria saber qual o papel da mulher dentro do crime organizado, o que elas fazem, por que entraram”, explicou. (L.G.C)