A venda de medicamentos “milagrosos”, que prometem o emagrecimento de forma rápida e sem esforço, como num passe de mágica, tem causado transtorno a quem utiliza esses tipos de produtos. Um dos casos que se tornou comum é a venda de “Noz da Índia”, utilizado como inibidor de apetite, pelas redes sociais.
Apesar de ser considerada crime pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por não possuir registro e nem regulamentação no órgão, a venda do produto tem crescido nos últimos meses, principalmente em páginas do Facebook e em grupos de WhatsApp. Os preços variam de acordo com a quantidade. Kits para uso de 40 dias são vendidos a R$ 45,00 e kits de 72 dias a R$ 80,00. Nos anúncios, os vendedores afirmam que o medicamento reduz a celulite, elimina a gordura, baixa o colesterol, limpa o organismo e não deixa flacidez na pele.
O produto é novo, por isso não existem pesquisas e literaturas oficiais do Ministério da Saúde a respeito. Recentemente, o órgão emitiu um documento relatando que a “Noz da Índia” possui uma série de efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, diarreia, letargia, desorientação, aceleração dos batimentos cardíacos, respiração irregular e o aumento da temperatura corporal.
O presidente do Conselho Regional de Farmácia de Roraima (CRF-RR), Adonis Motta, alertou sobre o uso do medicamento sem a devida prescrição médica. “É sempre um risco para quem compra esse tipo de medicamento, pois não há testes que realmente comprovem a eficácia e a segurança que ele pode causar no organismo humano. Isso pode provocar desequilíbrio e atacar o fígado, que é o que mais sofre com esse uso”, disse.
Conforme ele, a pessoa que não possui acompanhamento especializado para o consumo desse tipo de medicamento corre sérios riscos de saúde. “Nada vem fácil. Sem o acompanhamento médico, com certeza a pessoa sente os efeitos colaterais. Até os que são regulamentados oferecem riscos, imagina os que não têm registro. Tem que ter o acompanhamento de médicos e nutricionistas”, afirmou.
Ele aconselhou a população a não comprar medicamentos que prometem o emagrecimento rápido e que não possuem regulamentação. “Não deve comprar de maneira nenhuma. Mas, se for comprar pela internet, tem que ser dentro da legislação e com orientação médica. Essa classe de inibidores de apetite deve ser comprada nas farmácias e drogarias, que possuem controle do medicamento”, frisou.
Motta informou que quem se sentir lesado com a compra do medicamento ou quiser denunciar a venda do produto sem autorização pode procurar o Conselho de Farmácia, que encaminhará uma denúncia formal ao Ministério Público da Saúde para que faça investigação ou para a própria Vigilância Sanitária para que tente constatar essa situação.
CRIME – A venda de medicamentos sem controle da Anvisa é considerada prática criminosa. A ação de fiscalização cabe tanto às vigilâncias sanitárias locais como aos próprios órgãos policiais, já que o Código Penal tipifica esta prática como crime hediondo. Atualmente, a pena prevista para o crime é de reclusão de 10 a 15 anos e multa.
Ainda de acordo com a Anvisa, também não é possível o comércio da semente como alimento. Para isso, deveria ter um registro de “alimento novo”, situação na qual a instituição avalia a segurança de produtos alimentícios novos em uso no país. (L.G.C)