O pequeno Pedro Kauã dos Santos Gomes, de cinco anos, diagnosticado há dois meses com um tumor na garganta, aguarda em Manaus por uma cirurgia urgente que não é oferecida pelo Hospital da Criança Santo Antônio, em Boa Vista. O menino, que tem uma traqueostomia provisória, sofre com a falta de ar e outras consequências do abcesso, e o procedimento para retirá-lo ainda não tem previsão para ser feito.
Segundo a avó Magnólia Barbosa Camelo, de 46 anos, a criança viajou para Manaus, na companhia da mãe, com a passagem custeada pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD), na esperança de ele ser atendido pela Policlínica Codajás, na zona Sul da cidade. A estadia e a alimentação na capital amazonense, no entanto, é paga pela família.
A avó disse que familiares foram informados pelo setor responsável pelo TFD em Boa Vista para que o menino se apresentasse na unidade em Manaus, no entanto, o nome de Pedro Kauã não constava na lista para atendimento.
“Sinceramente, nem eu tou entendendo essa história, porque se já sabiam que tinha cirurgia aqui, poderiam muito bem ter solicitado daí [Boa Vista] a cirurgia, com tanto de laudos que têm [que indicam a necessidade da cirurgia], tudo que já tem ai, eles poderiam procurar uma cidade só pra fazer a cirurgia e não me mandar pra cá [Manaus] com uma consulta com o otorrinolaringologista, se já sabem o caso dele. Foi como se ele tivesse vindo por conta e eu mesmo fosse atrás da cirurgia e marcar, e pronto. Estou vendo a hora de, sinceramente, meu filho morrer, e eu não conseguir fazer nada. Não sei mais o que eu posso fazer pra agilizar”, confirmou de Manaus a mãe, que pediu anonimato à FolhaBV.
Em Boa Vista, a avó de Pedro Kauã disse que denunciou a situação ao Ministério Público Estadual (MPE). De Manaus, a mãe do menino contou que conseguiu marcar a cirurgia na Policlínica e revelou o medo de voltar para Roraima, devido à saúde do filho e à incerteza sobre quando será feita a cirurgia.
“Fico com receio de voltar pra casa, porque a viagem de vinda pra cá [Manaus] foi tensa. Ele passou a viagem toda passando mal, vomitou, teve febre, o ônibus quebrou na estrada, éramos pra chegarmos às 21h, chegamos à meia-noite e ainda fui procurar um lugar pra eu ficar. Aqui, nos já estamos. Agora voltar de novo pra aí, se demorar, digamos, vão me mandar de volta para Roraima e viremos de novo pra Manaus. Tou me sentindo feita de besta”, disse.
Nessa segunda-feira, a FolhaBV procurou o Governo do Amazonas, responsável pela Policlínica Codajás, e a Prefeitura de Boa Vista, que marca TFD em casos de procedimentos não oferecidos pelo Hospital da Criança Santo Antônio. No entanto, até a publicação do texto, a reportagem não obteve retorno.