Mesmo que seja um bebê, como no caso do DJ Ivis – preso após agredir a mulher na frente da filha do casal, de nove meses -, presenciar a violência doméstica pode trazer desde transtornos emocionais até problemas no desenvolvimento cognitivo.
Entre as possíveis sequelas estão dificuldades no sono, pesadelos, bruxismo, agressividade, déficit na aprendizagem, até adoecimentos mentais que podem desencadear depressão, fobias, estresse pós-traumático, e até transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), problemas que a criança ou adolescente podem levar para a fase adulta.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo é considerado uma doença mental grave. Ela está entre as dez maiores causas de incapacitação, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, e se caracteriza por pensamentos que não saem da mente, que podem ser acompanhados de rituais complexos e rígidos que comprometem a qualidade de vida.
Segundo a psicóloga Ádria Thainara, que atua no Chame (Centro Humanitário de Atendimento à Mulher), da Assembleia Legislativa, a exposição precoce de crianças e adolescentes a qualquer tipo de violência pode gerar problemas sociais, emocionais, psicológicos e cognitivos durante toda a vida.
“Os impactos emocionais dessa violência ocasionam danos psicológicos a curto, médio e longo prazo. Uma vez que a criança que cresce em um lar violento pode ter sua arquitetura cerebral modificada por conta da violência ou negligência sofrida, tais violências, geram mudança de comportamento”.
Veja o que diz a psicóloga:
Estudo
A dissertação de mestrado da psicóloga Natália Amaral Hildebrand, da Universidade Estadual de Campinas, é apenas um dos estudos brasileiros que comprovam esta informação, e apontou uma frequência de 4% de casos de TOC em crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica, o dobro do valor considerado normal.
Com base na Avaliação do Desenvolvimento e Bem-estar, em inglês, Development and Well-Being Assesment (DAWBA) – um pacote de entrevistas, questionários e técnicas de classificação projetados para gerar diagnósticos psiquiátricos – o trabalho concluiu que a violência doméstica vivenciada por crianças e adolescentes é um fator de risco para o desenvolvimento de psicopatologias na infância e juventude.
Novos agressores, novas vítimas
Outro risco da violência doméstica na frente de crianças e adolescentes é a perpetuação da cultura da violência. Ou seja, tanto homens podem desenvolver um comportamento violento, quanto mulheres podem crescer naturalizando a agressão sofrida.
“Crianças e adolescentes tendem a repetir o modelo dos pais. Meninas absorvem o padrão da mulher vítima de violência, e os meninos o padrão do homem violento”, pontuou Adria Almeida.
Comportamento
A primeira coisa que muda em uma criança vítima de violência doméstica, ou que presencia isso, é o comportamento. Neste caso, é importante que as pessoas próximas fiquem atentas. “As crianças podem reagir de maneiras diferentes ao presenciar violência doméstica, podem tentar intervir, se isolar ou se tornarem agressivas também. Por isso é muito importante procurar ajuda profissional, para que esses problemas não se agravem”, aconselhou.
Saiba mais:
https://folhabv.com.br/noticia/CIDADES/Capital/-Apos-agressao-a-mulher–DJ-Ivis-e-preso-no-Ceara/77928