Cotidiano

Crianças com autismo e acompanhantes poderão pagar meia-entrada

Projeto de lei, aprovado pela Câmara Municipal de Boa Vista, foi entregue para sanção ou veto do prefeito Arthur Henrique (MDB)

Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem ter direito a meia-entrada em Boa Vista, nas sessões de cinema, teatro, espetáculos esportivos, shows e outros eventos culturais e esportivos. O projeto de lei, aprovado no início de outubro na Câmara Municipal de Boa Vista, foi enviado ao Prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB) para veto ou sanção.

A proposta, de autoria do vereador Ítalo Otávio (Republicanos) garante os 50% de desconto em ingressos para a família que apresente o laudo ou atestado médico de acordo com o Código Internacional da Doença (CID) ou de documento emitido por órgão oficial que comprove a condição alegada.

O benefício será concedido apenas a um acompanhante da pessoa com autismo o mesmo benefício, que deve apresentar documento oficial com foto no momento da aquisição do ingresso ou ticket da pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

“O som alto, as conversas ao redor, as luzes, acionam a hipersensibilidade e, por muitas vezes, são a causa do desconforto, entretanto, cada vez mais as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) são estimuladas a participar de eventos culturais e esportivos”, justificou o parlamentar na proposta.

Alimentação

Outo projeto de lei que está tramitando na Câmara de Boa Vista garante à criança com autismo a levar o próprio lanche para a escola pública ou privada em Boa Vista, por conta dessas condições especiais ocasionadas pelo transtorno.

A proposta busca facilitar a alimentação de crianças com com Transtorno do Espectro Autista (TEA) porque muitas não se adaptam ao lanche padrão ofertado nas escolas. A alimentação regular com orientação de um especialista em nutrição para crianças com autismo é essencial no desenvolvimento e no comportamento das pessoas com esse transtorno.

Najara Muller, mãe do Antônio Théodoro Muller, 4 anos, conta que o filho tem seletividade alimentar e já teve várias experiências ruins, ao ponto de o filho chegar com fome em casa porque não conseguia comer a merenda escolar.

Ela conta que até os 3 anos de idade o filho aceitava todo tipo de alimentação, mas depois disso começou a ter restrições por conta da poda neural, que é o processo de desenvolvimento cerebral. Foi então que o pediatra da família encaminhou o Antônio para o Centro de Recuperação Nutricional Infantil (CERNUTRI) e mesmo assim, a criança precisa de mais atenção e cuidado.

Legenda: Najara Muller toma todos os cuidados com alimentação do filho, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) – Foto: Arquivo Pessoal
Legenda: Mães manifestam pelos direitos de crianças com Transtorno de Espectro Autista (TEA) em Boa Vista – Foto: Divulgação

“Muitas crianças têm o Transtorno de processamento sensorial, e ele ainda interpreta a alimentação com dificuldade, por isso precisa comer devagar e em pedaços pequenos. Ele também não come nada pastoso, caldos e frutas inteiras, por isso cheguei a mandar o lanche para a escola, mas por duas vezes, o meu filho passou fome porque não deram a comida dele com a atenção que é necessária, foi frustrante para mim e traumático para ele”, lamentou a mãe.