Cotidiano

Crise e seca afetam olarias e cerâmicas

Apesar de o preço do tijolo ter caído, crise fez com que vendas desabassem, provocando prejuízos para o setor

A venda de tijolo caiu pela metade neste começo de ano em Boa Vista. A crise econômica e a estiagem são os principais motivos da queda, segundo oleiros que produzem artesanalmente e os donos de cerâmica. O preço também caiu. O milheiro ano passado custava R$ 260,00, mas hoje sai por até R$ 230,00.

“Vendia 30 milheiros por mês, mas agora só consigo vender a metade. É a crise financeira e a seca, porque a matéria-prima, o barro, endurece e fica cada vez mais difícil retirá-lo”, explicou o oleiro Miguel Bezerra, de 52 anos, morador da Vila Real, ao lado esquerdo da BR-401, após a ponte dos Macuxi, no Município do Cantá.

Miguel trabalha há sete anos como oleiro. Ele disse que nunca havia passado por uma crise como essa. Mas ele acredita que as vendas vão melhorar nos próximos meses. Ontem pela manhã, ele fazia mais um milheiro de tijolo. “Se for para entregar na obra, aí a gente cobra R$ 300”, frisou.

A venda do tijolo também caiu pela metade nas cerâmicas que ficam no Distrito Industrial, zona Sul. Para justificar a queda os empresários alegam a mesma coisa dos oleiros: a crise financeira e a forte estiagem, que provoca escassez da matéria-prima.

A média de preço do milheiro nas cerâmicas é de R$ 350,00, já incluída a taxa de entrega. “Estamos passando por um momento difícil. As vendas caíram pela metade, mas esperamos que o setor volte a crescer em Roraima”, disse uma atendente.

CONSTRUÇÃO – As lojas menores de materiais de construção de Boa Vista também sentiram com mais força os reflexos da crise neste final de ano. Os varejistas de pequeno porte tiveram redução nas vendas de quase 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, mesmo diante do cenário de crise, os lojistas garantem que não vão baixar o preço do tijolo e do cimento.

“Em anos anteriores, o verão movimentava o setor da construção civil, mas, neste período, devido à crise, está derrubando as vendas. E o pior ainda é que pode haver demissões”, observou Nonato Siqueira, de 48 anos, dono de uma loja de materiais de construção, na Avenida das Guianas, no bairro 13 de Setembro, zona Sul. (AJ)