Cotidiano

CRM autoriza volta de cirurgias no HGR e na maternidade

Com melhoria no abastecimento de medicamentos e insumos, cirurgias voltam a ser realizadas no Hospital Geral de Roraima e Maternidade após nova fiscalização

As cirurgias eletivas do Hospital Geral de Roraima e Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) voltaram a ser realizadas após dois meses de interdição. Em coletiva de imprensa feita na manhã de ontem, 4, o Conselho Regional de Medicina (CRM) anunciou que a decisão foi tomada após nova fiscalização feita nas duas unidades hospitalares e ser constatada melhoria nos estoques.

De acordo com a presidente do CRM, Rosa Leal, os problemas de desabastecimento de medicamentos e insumos básicos foram percebidos há quase quatro anos, sendo devidamente informados à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e ao Ministério Público de Roraima (MPRR) por meio de relatórios. Em novembro do ano passado, durante uma fiscalização do Conselho, foi constatado que não havia mais possibilidade de dar continuidade às cirurgias eletivas.

A decisão de suspendê-las, ainda em novembro, foi tomada para evitar a falta de assistência às cirurgias de emergência e urgência. Em 22 de dezembro, a equipe de fiscalização voltou às unidades para verificação da situação, após completar os 30 dias de interdição, e concluiu que já era possível a realização de alguns procedimentos cirúrgicos.

“Houve também uma solicitação da nova gestão para reavaliar a interdição, uma vez que começaram a surgir muitas demandas judiciais, que terminam implicando gastos que poderiam ser utilizados na saúde e eram desviados para pagar cirurgias particulares. Em nova fiscalização, não estamos com o abastecimento satisfatório, mas já estamos resolvendo o problema gradativamente”, afirmou a presidente do CRM.

Segundo Rosa, em um relatório feito pelo CRM, Sesau e Promotoria de Saúde do MPRR ficou acertado o compromisso de manter abastecidos os estoques dos hospitais, possibilitando a desinterdição das unidades de saúde. “Isso está definido, mas quem tem a palavra final é o médico que vai realizar a cirurgia. Se achar que não é seguro fazer o ato e o paciente corre risco, o procedimento pode ser suspenso”, destacou a presidente.

ORDEM – O diretor do HGR, Roger Caleffi, calculou uma média de 400 cirurgias eletivas que estão para ser realizadas. A definição para os pacientes serem atendidos será por meio de uma fila cronológica já feita pela equipe. Contudo, a presidente do CRM destacou que se houver agravamento da situação do paciente, ele poderá ser atendido antes.

Comissão foi formada para compra de medicamentos

Para chegar à decisão de suspender as cirurgias eletivas, o Conselho Regional de Medicina confirmou que não havia equipamentos necessários para qualquer procedimento. Faltavam fios cirúrgicos, esparadrapos, algodão e anestésicos. Conforme explanou a vice-presidente e coordenadora de Fiscalização do CRM, Blenda Garcia, os trabalhos para rever a situação começaram em outubro após convocação da Justiça de Roraima para a criação de uma comissão de intervenção na Sesau.

A equipe foi composta pelo CRM, Conselho Regional de Farmácia (CRF) e Polícia Militar, quando formalizaram novos pedidos licitatórios para compra de medicamentos e insumos básicos. “Não está no ideal, queremos deixar isso bem claro. Mas hoje podemos voltar às cirurgias eletivas gradativamente com o compromisso do empenho do abastecimento ser regularizado”, revelou a coordenadora. Blenda afirmou que a comissão será mantida até 31 de janeiro, quando serão reavaliadosos estoques dos hospitais.

CONTRATOS – O titular da Sesau, Airton Wanderley, relatou que o decreto de calamidade financeira assinado pelo governador, Antonio Denarium, que suspende contratos com o governo do Estado por seis meses, não será aplicado na situação das unidades hospitalares por entenderem que são necessidades básicas e devem ser mantidas para a população.

Unidades do interior também voltam a receber medicamentos

A presidente do CRM, Rosa Leal, justificou que mesmo que a situação não seja ideal ao ponto de não poderem afirmar um prazo exato para quando será normalizada, os medicamentos básicos também estão sendo enviados para as unidades de saúde do interior gradativamente.

“As unidades se encontravam com o mesmo problema daqui, mas as cirurgias do interior não chegaram a parar, já que somente o Hospital de Rorainópolis tem suporte para isso. Em Amajari há sérios problemas, porém ainda não tivemos a oportunidade de nos reunirmos com o Dr. Airton [da Sesau] para tratar desse caso”, afirmou. (A.P.L)