Cotidiano

Cruz Vermelha já ofertou 126 mil ligações para imigrantes

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha ajuda a restabelecer os afetos dos imigrantes com os familiares que ficaram na Venezuela

A decisão de travessia da fronteira pode ser determinante para a separação de muitas famílias venezuelanas. Com milhares de pessoas deixando o país vizinho em busca de melhoria de vida e chegando ao país com pouco ou quase nenhum pertence, o contato familiar pode ser afetado. Pensando nisso, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) criou um mecanismo de restabelecer os afetos dessa população.

Em Roraima desde junho do ano passado, a equipe de voluntariados permite ligações telefônicas para as famílias venezuelanas das 9h até as 17h. Cada ligação tem duração de três minutos e é feita de forma gratuita em pontos referenciais de concentração dos imigrantes, como nos postos de informações e triagem em Pacaraima e Boa Vista. Até agora já foram feitas cerca de 126 mil ligações desde que o serviço foi implantado em Roraima, em 2018.

“O programa, que chamamos de Restabelecimento de Laços Familiares, com ligações nacionais e internacionais, também é feito no processo de interiorização e facilitamos para que possam se comunicar e falar para onde estão indo, e não deixar esse laço se perder. É uma finalidade exclusivamente humanitária”, explicou Fernando Perez, chefe do gabinete do CICV em Boa Vista.

Ele destacou que por se tratar de uma instituição apartidária, não é permitido que as ligações sejam feitas para repasse de informações de cunho político. Com isso, os imigrantes são avisados que as chamadas são monitoradas. O acesso à internet também é ofertado pelo Comitê, com duração de três minutos para as ligações. Já foram feitos 17 mil 490 acessos. Nos casos do contato por mensagens instantâneas, o tempo sobe para cinco minutos.

Além de permitir um espaço para carregar celulares, o serviço disponibiliza ainda um cartão com informações em espanhol sobre como fazer ligações internacionais de acordo com cada operadora brasileira, assim como um espaço em branco para que possam anotar os números telefônicos.

Pessoas que possam estar desaparecidas são procuradas por meio da Cruz Vermelha

O representante da Cruz Vermelha também explicou que é dado suporte para venezuelanos que perderam o contato com parentes durante a rota migratória ou que não conseguem contato telefônico com os parentes na Venezuela. “Nesses casos fazemos buscas familiares, com registro de pessoas que suspeitamos que estejam desaparecidas. Por meio da rede do Movimento Internacional Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, tentamos localizar essas pessoas”, completou.

“Alguns pensam que é só uma ligação, mas quando fica bastante tempo viajando sem poder falar com os familiares, é bastante importante”, frisou o representante. Devido à continuidade do fluxo migratório no país, o Comitê estendeu as atividades até 2020, em Roraima, porém, caso haja a necessidade, pode ser continuado por mais tempo.

Comitê realiza atividades para revitalizar saneamento básico de localidades

Outro serviço ofertado é na transmissão de documentos da Venezuela para território brasileiro, com regularização do registro de identidade e o atendimento de crianças venezuelanas que chegam desacompanhadas no Brasil. Nessas situações, o Comitê tenta fazer a busca familiar enquanto são encaminhadas para abrigos de responsabilidade do governo estadual.

Perez enfatizou que o fluxo migratório causa impactos na população local e que um dos meios de diminuir isso é também ofertar ações que possam causar vantagens para todos.

“Temos atuação na área de água e saneamento e, no ano passado e neste ano, revitalizamos a rede de água do hospital de Pacaraima e construímos postos na Diocese e no centro de educação que estão implantando no município. É um programa que queremos continuar e expandir em Boa Vista e algumas comunidades do interior para podermos ajudar”, completou. (A.P.L)