Cerca de 30 cuidadoras de alunos que trabalham nas Casas Mãe e em escolas Proinfância, administradas pela Prefeitura de Boa Vista, por meio da Secretaria Municipal de Ensino (Smec), denunciam falta de estrutura nas unidades.
As servidoras informaram que estão preocupadas com a implantação do horário de trabalho em tempo integral, que está previsto para o dia 07 de março, já que nessas unidades de ensino, segundo relataram, há falta de professores, assistentes de aluno e de cuidadores para prestar um atendimento adequado às crianças.
“O tempo integral funcionará das 7h30 às 17h30 e somos contra por causa de condições como, por exemplo, o pequeno número de funcionários. Nas turmas há apenas uma ou duas cuidadoras para 30, 32 crianças e entre elas há alunos com autismo e com Síndrome de Down, que deveriam ter um cuidador específico para eles. Está muito complicado, desgastante e temos colegas adoecendo. Não é possível tempo integral sem cuidadoras. Nem máscaras contra a covid nós recebemos”, disse uma das cuidadoras que preferiu não se identificar por temer represálias.
Elas relataram ao vereador Ítalo Otávio, durante um encontro, que existem outras questões como: servidores doentes, com laudo médico, mas que estão trabalhando para ajudar outras colegas; alto número de pedidos de exoneração; infraestrutura inadequada para idade de creche (2 a 3 anos); cuidadora exercendo o papel de pedagogo por falta de professor no horário da tarde; salas pequenas e lotadas e sem obedecer ao distanciamento por conta da covid-19, entre outras situações.
“Há muitos problemas e a prefeitura tem conhecimento, mas não resolve. Eu trabalho com aluno autista, mas não sei como lidar com a criança, pois em nenhum momento eu e acredito que outras cuidadoras fomos capacitadas para essa situação. O ideal seria ter três cuidadoras por turma em cada turno, conforme prevê a lei. Estamos aqui com o vereador pedindo socorro, que ele nos ajude”, ressaltou outra servidora.
Outra cuidadora de casa mãe disse que o fato de crianças especiais estarem sem cuidadoras, o ideal seria ter um profissional para essa criança, pois há autistas que precisam de uma atenção especial. “Nossa preocupação é trabalhar em tempo integral com essa estrutura oferecida pela prefeitura, pois já estamos esgotadas trabalhando um período, imagina os dois, com mais de 30 crianças em sala. Esperamos que o vereador Ítalo consiga conversar com o prefeito ou com a Secretaria de Educação. Queremos 30 horas para termos qualidade de vida, porque estamos psicologicamente abaladas”, comentou.
O vereador Ítalo Otávio disse que a reclamação é geral, mas para tentar resolver essa questão vai buscar providências junto a Smec. “Espero que o prefeito Arthur Henrique se sensibilize com essa situação relatada por esses profissionais. Queremos que a estrutura de casas mãe e de escolas proinfância seja adequada para receber as crianças. E não e isso que está acontecendo. A preocupação agora é esse tempo integral”, enfatizou.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura e aguarda retorno.