Cotidiano

Cuidados em casa aumentam qualidade de vida para idosos

Pequenas adaptações dentro das residências ajudam a diminuir riscos de acidentes e garantem maior produtividade de pessoas mais velhas

Cada vez mais idosa, a população brasileira tende a mudar os comportamentos diários para atender o público mais velho. De acordo com estudos feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é possível que tenha mais idosos do que crianças até 2060, com maioria da população com mais de 65 anos. Para atingir esses dados, a qualidade de vida é o maior foco e com pequenas adequações dentro das casas, é possível notar a diferença.

Pequenos acidentes, como quedas, são os principais problemas encontrados na geriatria atualmente, conforme relatou a médica geriatra Lilian Moraga. Segundo ela, isso acarreta a internação de idosos com trauma nos hospitais roraimenses. Com a maior tendência de osteoporose, qualquer queda pode aumentar os riscos de complicações futuras por conta da imobilidade durante o tratamento.

“O ideal é prevenir porque muitas pessoas acham que a queda é somente no chão, mas nem sempre é isso. Se desequilibrar e cair de uma altura mais alta, um sofá, por exemplo, já é considerado queda. Qualquer alteração na altura da posição do idoso sem ser intencional pode causar fratura”, explicou. A geriatra pontuou que uma das formas de evitar os acidentes é não mudar os móveis da casa porque idosos ficam acostumados com arrumação deles pela residência.

Segundo ela, os passos dos idosos também mudam e ficam mais curtos.  Com isso, é preferível que se aumentem os espaços entre os móveis em até um palmo para ajudar o trânsito da pessoa idosa. “[Também] usar apoio, com barreiras complementares porque quando tem essa base, com qualquer desequilíbrio, vai ter como se apoiar. Por fim, evitar atividades de risco, como subir escadas e lavar áreas, mexer com coisas que deixam a percepção dele mais fácil para cair”, completou a médica.

Lilian enfatizou que em banheiros é mais do que necessário deixar tapetes antiderrapantes e evitar tapetes soltos. No mesmo ambiente, deixar também uma barra perto da privada e não somente no chuveiro, porque a altura do vaso sanitário pode estar muito abaixo para o idoso alcançar e aumenta as chances de queda. Além disso, tirar qualquer nivelamento que possa causar tropeços nos cômodos.

Atividades físicas e domésticas ajudam na qualidade de vida do idoso

De acordo com a geriatra Lilian Moraga, atividades físicas podem ser feitas, desde que não haja nenhuma restrição por parte de um profissional (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)

Para manter a vitalidade e a saúde, a vacinação é fundamental para os idosos por causa da imunidade mais baixa e também ter uma nutrição mais adequada para equilibrar a qualidade de vida.

“O idoso que mora sozinho tende a comer comidas que são mais fáceis de fazer e que não são nutritivas. Se mora com a família, além de ter uma alimentação com frutas, estar ofertando isso para o idoso porque ele não vai em busca do alimento e vai ficar esperando”, destacou a geriatra Lilian Moraga.

A médica revelou que idosos também não sentem tanta sede e, se não tiverem incentivo, podem se desidratar mais facilmente. Atividades físicas podem ser feitas, desde que não haja nenhuma restrição por parte de um profissional. É importante a inclusão dessas atividades em casa.

“Acham que por ser idoso não podem lavar louça ou cozinhar, mas um dos melhores estímulos para viver bem é trabalho. Atividade boa para o processo de envelhecimento tem que estimular um pouco o aeróbico, mas não muita coisa por conta dos batimentos cardíacos, e que vá intensificar a massa muscular do paciente”, afirmou.

Exclusão do seio familiar é injusta, diz médica geriatra

O apoio e paciência da família são fundamentais para abrigar o idoso e, com isso, estar aberta às percepções que possuem sobre a pessoa mais velha, segundo relatou a médica. Ela pontua que o idoso é um indivíduo adulto, não precisa ser infantilizado e tem uma experiência de vida diferente do restante, mas não pode ser excluído pelas opiniões mais antigas.

“É um preconceito a família querer que o idoso se adapte ao jeito que as pessoas pensam atualmente e não entendem que eles têm opiniões que podem ser divergentes, mas é preciso quebrar esse paradigma”, levantou. Lilian disse que a exclusão do seio familiar não é justa, principalmente por se tratar de uma pessoa que teve uma contribuição social em algum ponto da vida.

De acordo com a médica, mesmo que o idoso não faça as atividades com a mesma qualidade, deixar que ele participe da rotina familiar aumenta a qualidade de vida e a produtividade do indivíduo durante o dia, para evitar que fique com insônia. “Não pode ter pressa, ele vai no tempo dele e é preciso respeitar. É mais lento e delicado, mas, se não der oportunidade, ele não se desenvolve”, garantiu.

CUIDADORES – Em relação às pessoas que prestam assistência aos idosos, a geriatra justificou que é preciso fazer a adaptação aos poucos para que o idoso não rejeite a ajuda. “É bom fazer isso em um dia em que um familiar esteja presente, falando que está vindo fazer serviços em casa e, se ele precisar, pode ajudar também. Isso gera vínculo, que demora dois ou três meses, no máximo”, encerrou.

A especialista destacou que é importante manter vigilância nessas situações porque os idosos podem demonstrar com pequenas mudanças comportamentais se estão sofrendo algum tipo de violência. (A.P.L)