Cotidiano

Cursinhos temem impacto negativo após cancelamentos

Cursos preparatórios temem impacto negativo após cancelamentos

Diante do quadro que se apresenta a partir da decisão de cancelamentos dos concursos públicos em andamento e em planejamento, parte das empresas que atuam no ramo de cursos preparatórios para candidatos teme que a desmotivação dos estudantes resulte em impacto negativo, com prejuízo financeiro. A Folha conversou com empresários nessa segunda-feira, 4.

Conforme o professor do Meta Concursos, José Maria Neto, “inevitavelmente essa notícia dada pelo governador vai causar um impacto muito negativo no mercado dos concursos públicos aqui em Roraima”.

“Mas, ao mesmo tempo em que isso desmotiva os alunos, é preciso relembrar que o estudo para concurso requer tempo e dedicação. Então, de repente, seria hora de os alunos fazerem uma programação para, no médio e longo prazo, organizar seus estudos, porque eu acredito que essa situação é passageira, como já ocorreu em outros anos dentro do mercado de concurso público”, ressaltou.

Além disso, Neto reforçou que embora não seja uma notícia positiva, sempre destaca que para se passar em bons cargos públicos o candidato precisa estudar durante um bom período.

“Ninguém vai conseguir alcançar esse objetivo estudando três ou quatro meses. Isso requer bastante dedicação. Para finalizar, sempre lembro que essa situação se relaciona com concursos estaduais, mas que os municipais e federais vão continuar ocorrendo normalmente, portanto não há motivos para parar de estudar”, lembrou.

Já o professor Paulo Henrique Lira, do Complexo Cursos e Concursos, avalia que o prejuízo é do aluno, diante do sacrifício que fez e dos sonhos que tem.

“Eu não avalio a questão do prejuízo financeiro até mesmo porque nossa empresa trabalha de forma diferente. Eu sempre falo que o aluno está aqui porque ele procurou um sonho. O meu papel é ser facilitador desse sonho, que é ele passar no concurso. Por isso que, independentemente de decisão favorável ou não, eu estou com meu aluno. A gente, como empresa, vai dar o apoio para o aluno. Se por acaso for mantido o cancelamento, a gente vai continuar estudando para os concursos para os quais for preciso estudar”, disse.

Lira ainda destacou que a decisão de cancelamento, dada inicialmente pelo governo, foi substituída pela decisão judicial mantendo o concurso da Polícia Civil, por isso, motivou os estudantes a continuarem os estudos.

“Em nenhum momento quando a gente avalia o aluno, avalia da porta para dentro, sobre o que ele tem no bolso e sobre o que ele não tem no bolso. Isso é indiferente para a gente”, frisou.

O professor João Catalano, da empresa Catalano Cursos e Concursos, também se manifestou com preocupação a respeito dos cancelamentos.

“Infelizmente, essa decisão vai atrapalhar os empresários que atuam no ramo de cursos preparatórios. Isso é um balde de água fria, desestimula os alunos que investem tempo, dinheiro, preparação para tentar o acesso ao serviço público pela porta da frente. Vai ter desemprego, teremos que reavaliar nosso quadro de professores e o Estado todo vai ser prejudicado se mantiver essa decisão de anular concurso. Vamos perder a credibilidade”, relatou.

Para Tiago Henrique, da empresa Elite Mil Cursos Preparatórios, não haverá prejuízos financeiros porque não atua no mercado com cursos presenciais e que a única turma nessa modalidade foi do concurso da Polícia Militar, cuja prova objetiva foi realizada.

“Meu curso, no caso, é um plataforma digital que eu vendo para o Brasil inteiro, então, não vou ter prejuízo. Mas o que eu vejo é que eu realmente conheço a história dos alunos e eu fui concurseiro por muito tempo. Entendo o que eles estão passando e imagino que se tivessem cancelado o concurso que eu fiz, o que seria da minha vida? Minha indignação é pessoal, porque foi feita a promessa. Além de tudo isso, cancelar o concurso depois de diversas fases terem acontecido, é realmente revoltante, eu entendo o lado do pessoal”, explicou.

ACADÊMICO NEWS – O cursinho informou, por meio da coordenação, que atua de forma especializada em cursos pré-vestibulares e que, eventualmente, realiza aulas nas quais candidatos de concursos públicos participam, portanto, não faz parte do rol de empresas que se sentem ameaçadas diante das decisões da administração pública do Estado. (J.B)