Em comemoração aos cinco anos de formação profissional voltada à aquicultura, o Campus Amajari do Instituto Federal de Roraima (CAM/IFRR) promoveu nesta segunda-feira, o 4º Encontro de Pesca e Aquicultura. O evento ocorreu durante todo o dia, com atividades envolvendo alunos, comunidade e produtores, bem como visita técnica e palestras.
Desde 2014, o CAM oferece o curso Técnico em Aquicultura, tendo colocado no mercado de trabalho 43 profissionais aptos a contribuir para a atividade produtiva no estado. Em fevereiro de 2016 foi lançado o primeiro vestibular para o curso superior de Tecnologia em Aquicultura, que deve formar, em março de 2020, a primeira turma.
Cinco anos de oferta de formação profissional estão sendo comemorados com a quarta edição do Encontro de Pesca e Aquicultura, que neste ano trouxe para o evento o diretor do Departamento de Desenvolvimento e Ordenamento da Aquicultura (Depoa/SAP), do Ministério da Agricultura (Mapa), Maurício Nogueira da Cruz Pessôa.
Na parte da manhã, Maurício Pessôa conheceu as áreas didáticas do campus, ocasião em que lhe foram apresentados os projetos de aquicultura desenvolvidos por acadêmicos e orientados por docentes da unidade de ensino. Na parte da tarde, ele palestrou sobre a “Estrutura atual da SAP/Mapa, medidas adotadas e planejamentos voltados para aquicultura brasileira”.
Quem também esteve presente no evento foi o produtor Aniceto Campanha Wanderley, um parceiro constante do CAM. Ele ministrou a palestra “Tendências e perspectivas para piscicultura no Estado de Roraima”. O encerramento da programação foi com uma homenagem aos produtores de pescado e apoiadores dos cursos do ensino profissional e tecnológico em Aquicultura da unidade: Aniceto Wanderley, Rodolfo Pereira e José Alves Pereira.
Alunos da primeira turma do curso Técnico em Aquicultura do Campus Novo Paraíso (CNP) também estiveram presentes no evento, que contou com exposição de fotos e memorial dos cinco anos de atividades de ensino profissional e tecnológico nessa área.
Durante o discurso de abertura, o diretor-geral do CAM, George Sterfson Barros, lembrou a primeira edição do evento, ainda de forma pequenina, e fez referência à quarta edição, com atividades que enaltecem o que tem sido feito em nível de instituição. Agradeceu a parceria dos produtores e a presença dos alunos da unidade, dos estudantes do CNP e dos servidores.
Sterfson informou que a formatura da primeira turma do superior vai ocorrer dia 20 de dezembro, quando nove alunos vão colar grau, e que, em março, está prevista a segunda turma com aproximadamente 20 tecnólogos.
“O IFRR é pioneiro na área de aquicultura em Roraima, e isso requer muito investimento. Queremos dizer para todos que nossos alunos são formados não apenas para o mercado, mas também para o mundo do trabalho”, frisou.
Para a aluna da segunda turma do curso superior de Tecnologia em Aquicultura, que também é egressa do curso Técnico em Agropecuária, Fabíola das Neves Sousa, 22, a realização do evento é importante para o campus divulgar as pesquisas e as atividades desenvolvidas durante o curso, bem como para os alunos das turmas mais recentes ficarem a par das oportunidades de trabalho que o curso propicia.
“Quando comecei o curso, participei do I Encontro de Aquicultura e Pesca, e foi muito importante para compreender o que faz e onde atua o profissional formado, porque, quando a gente faz o vestibular e passa, entra acreditando que vai trabalhar apenas com peixe, e não é. Então, para mim este momento é mais do que comemoração de aniversário do curso, é a oportunidade de demonstrar o que a gente desenvolveu durante o curso. Muitos aproveitaram cada momento desenvolvendo projetos e trabalhos que contribuem para a formação profissional e com certeza essas práticas fazem toda a diferença na nossa vida, nos dando noção do que a gente vai viver na prática e nos preparando para o mercado de trabalho”, disse.
Também aluno da segunda turma do curso superior, o acadêmico Carlos Dutra Costa, 23, morador da sede do Amajari, cujos familiares fazem parte do Projeto de Assentamento Amajari, fala entusiasmado de participar da programação, bem como de poder estar estudando Aquicultura. “Mas nem sempre foi assim”, garantiu.
Carlos diz que, antes de se mudar para o Amajari, cursou um ano e meio de Gestão Ambiental numa faculdade particular em Boa Vista e que não queria saber de interior. Segundo ele, fez sua inscrição no vestibular por ter recebido uma espécie de “intimação” da família: não seria mais possível arcar com o curso particular, mas teria uma chance de continuar estudando e de graça. A família falava do vestibular do CAM/IFRR.
Inicialmente, topou, mas não tinha muitas expectativas. Para ele, a experiência seria dolorosa. Perguntado sobre o que tinha mudado até agora, não hesitou. “O IFRR me proporcionou mudanças de pensamentos e hábitos que não condiziam com a minha realidade. Foi aqui que vi o lado bom das coisas, e posso dizer com certeza que esta escola é um divisor de águas para todo mundo”, afirmou.
Segundo Carlos, há incentivo contínuo dos professores para que os alunos produzam cada vez mais e melhor. “Me sinto privilegiado em fazer parte do curso e ter os mestres que tenho. Os professores mostram que a gente pode conseguir, primeiro para mudar a região, nossa realidade, desenvolvendo trabalhos na comunidade, e mostrar por que o IFRR está aqui, para só então pensar em mudar o mundo. Eles nos mostram que todo mundo tem capacidade”, contou.
Os planos de Dutra para depois do curso envolvem a academia. “Penso em continuar estudando, fazer mestrado, doutorado e pós-doutorado. Quero trabalhar com laboratório, desenvolvendo pesquisas na área de genética, que vão beneficiar nossos produtores. Será uma forma de mostrar que eu posso fazer e também que saí de um campus do interior de Roraima incentivado por professores inspiradores”, finalizou.