Cotidiano

Defensores enfrentam dificuldade para atender presos da Penitenciária

Defensores públicos estão tendo dificuldade para atender aos detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na zona rural de Boa Vista. O clima é tenso e de insegurança na unidade prisional desde o massacre ocorrido no dia 06, quando 33 presos foram brutalmente assassinados por outros detentos.

A defensora pública-geral, Terezinha Muniz, em entrevista à Folha ontem à tarde, lembrou que antes das mortes, os defensores atendiam a uma média de 20 detentos por dia, mas agora apenas cinco recebem atendimento. Segundo ela, os agentes penitenciários enfrentam dificuldade na hora de levar os presos à sala do defensor público, em um anexo da Penitenciária.

Terezinha Muniz explicou que o defensor público é o responsável por acompanhar, verificar e dar prosseguimento ao processo do preso que, por ser preventivado, ou seja, por aguardar julgamento, deve ser o mais rápido possível. “Há preso aguardando julgamento há mais de um ano, apesar de existir prazo estipulado por lei, mas infelizmente esse prazo nem sempre é cumprido”, lamentou.

A demora no julgamento de um preso, segundo ela, ocorre devido o grande acúmulo de processo para poucos juízes. O Tribunal de Justiça de Roraima (TJ/RR) empossou na semana passada cinco juízes. Os magistrados foram distribuídos em diversas varas criminais. O número ainda não é suficiente para atender a demanda. Até ontem à tarde, o sistema carcerário roraimense tinha 1.152 presos provisionados que aguardam julgamento. Desses, 912 somente na Penitenciária Agrícola. A unidade prisional já mantém 425 condenados em regime fechado.

Para ajudar as demais autoridades a controlar o sistema prisional, Terezinha Muniz disse que a Defensoria Pública já solicitou a relação dos detentos provisórios da Penitenciária para intensificar os trabalhos de assistência jurídica. A Defensoria também vai criar, até fevereiro, um gabinete de atendimento dentro da Penitenciária. Hoje só existe uma sala.

“Só para se ter uma ideia, 90% dos presos são atendidos por defensores da Vara Criminal. Na Vara de Execução Penal, são 97% de preventivados atendidos pela Defensoria. Estamos à disposição do Tribunal de Justiça para um mutirão”, frisou a defensora-geral. (AJ)