A Defensoria Pública da União (DPU) encaminhou um ofício ao governo federal solicitando o aumento da frota de helicópteros para apoio logístico aos indígenas e equipes que atuam na Terra Yanomami. O documento foi endereçado aos ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança Pública.
Cerca de 98% das comunidades precisam de helicópteros, como principal meio de locomoção, para conseguir receber alimentos, medicamentos e tratamento médico, conforme a DPU.
O texto também pede, com urgência, o envio de cestas básicas para a região de Auris, para atender as comunidades kotaimatiu, polapê e katanã, Hokolaxi Mu, õki ola; Xilipi e Kuratanha, localizadas rio abaixo de kuratanha, além da garantia da segurança e integridade dos profissionais da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e dos próprios Yanomami.
No ofício, a DPU afirma que é preciso o uso de toda “estrutura logística possível, sem qualquer limitação orçamentária”, para “garantir o direito à existência dos povos indígena”. A Defensoria também descreve como “cenário de guerra” a crise sanitária na Terra Yanomami.
A FolhaBV entrou em contato com os ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança Pública, e aguarda retorno.
O documento foi assinado pelos defensores federais Marina Mignot Rocha, Carolina Godoy Leite, Renan Vinícius Sotto Mayor de Oliveira, Ronaldo de Almeida Neto e André Carneiro Leão. As solicitações foram enviadas nesta segunda-feira (30) e elaboradas após a DPU monitorar a situação da reserva entre os dias 24 e 27 de janeiro.
Para os defensores, atualmente, “há um esforço do Governo Federal para buscar uma resposta emergencial à situação de grave violação de direitos humanos”, entretanto, há “necessidade de uma resposta ainda mais efetiva e estruturada, com uma maior mobilização das Forças Armadas para o auxílio logístico”. Caso contrário, ocorrerá uma tragédia sem proporções.
Em trecho do ofício, é compartilhado o relato de um pai Yanomami, da Comunidade Samaria da Região do Olomai. O indígena afirma que o filho pode morrer de fome a qualquer momento.
A DPU também descreve que há relatos de regiões de garimpo em que os invasores não deixam os indígenas buscarem a alimentação distribuída e eles, inclusive, escondem as crianças desnutridas para não chamar mais atenção das autoridades.
Terra Yanomami
O território Yanomami é o maior do país e está concentrado entre os estados de Roraima, Amazonas e uma parte da Venezuela. Ao menos 30,4 mil indígenas vivem na região, em 386 comunidades.
O Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública na reserva devido a crise sanitária por desnutrição, indígenas afetados por diversas doenças e mortes por falta de assistência.