As chuvas complicam ainda mais a vida daqueles que têm dificuldade em se locomover. Ruas esburacadas e cheias de lama, calçadas quebradas, poças de água e a falta de rampas são alguns dos obstáculos enfrentados pelos deficientes físicos. Quem mora nos bairros mais afastados do Centro sofre mais ainda porque alguns taxistas de lotação se recusam a levar cadeirantes.
O designer gráfico Antônio Francisco, 38 anos, deficiente físico desde os dois anos, quando teve paralisia infantil, reclamou das péssimas condições das calçadas, ruas e avenidas da capital. Lembrou que já caiu várias vezes e se machucou por causa dos buracos e calçadas quebradas.
“Já é difícil se locomover e fica pior ainda quando chove, pois as ruas ficam alagadas e cheias de lama. Também corremos riscos com as calçadas quebradas. É preciso mais acessibilidade, ter rampas, calçadas e ruas decentes”, cobrou.
Não bastassem os obstáculos impostos pela falta de infraestrutura na cidade, Francisco disse ainda que é obrigado a lidar com a falta de respeito de muitos taxistas de lotação, que se recusam a parar para um deficiente. A Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) é a responsável pela fiscalização dos taxistas.
Na arquitetura e no urbanismo, a acessibilidade tem sido uma preocupação constante nas últimas décadas. Atualmente estão em andamento obras e serviços de adequação do espaço urbano e dos edifícios às necessidades de inclusão de toda população, visando eliminar os obstáculos existentes ao acesso, modernizando e incorporando essas pessoas ao convívio social, possibilitando o ir e vir.
Mas em Boa Vista ainda são poucos os investimentos nesta área. O problema se agrava principalmente aos deficientes que moram em bairros da zona Oeste da Capital, onde em tempo de chuva muitas ruas e avenidas ficam praticamente intrafegáveis devido ao excesso de buracos e de lama.
A cadeirante moradora da rua Professor Macedo, no bairro Buriti, zona Oeste, também reclamou do descaso do poder público com o público cadeirante. A estudante de 18 anos, que não quis se identificar, contou que todo dia enfrenta uma ‘batalha’ para chegar até a escola, no bairro Pricumã.
“Tem dia que meu irmão me leva de carro, mas quando não pode, tenho que pegar ônibus ou táxi-lotação. O problema é chegar até a parada. As ruas são esburacadas, cheias de lama e não há calçadas. E após enfrentar tudo isso, ainda temos que contar com a sorte, pois a maioria dos taxistas de lotação não para para quem é deficiente físico”, lamentou.
PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista informou por e-mail que a Operação Tapa Buracos trabalha diariamente recuperando vias em todas as regiões da cidade, e que as calçadas, segundo a PMBV, são de responsabilidade dos moradores.
Sobre o desrespeito de taxistas de lotação ao público deficiente, a prefeitura esclarece que o serviço é fiscalizado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur). Qualquer irregularidade ou sugestões, segundo a PMBV, podem ser feitas pelo telefone 156, ou diretamente aos Fiscais de Transporte que ficam no Terminal José Campanha Wanderley, no Centro.
Após denúncia, ainda conforme a nota, a Emhur instala procedimento de apuração podendo, em caso de comprovação de irregularidade, resultar em advertência, multa, suspensão temporária ou cassação da licença para atuar no táxi convencional, lotação, transporte coletivo e transporte escolar.
A prefeitura esclarece que, de acordo com a lei, idosos e pessoas com deficiência possuem direito a vaga gratuita nos transportes coletivos em Boa Vista, assim como os estudantes têm direito à meia passagem, inclusive no táxi-lotação, sendo necessária a prévia identificação junto ao motorista do transporte.
A lei também determina que cada táxi-lotação deve destinar uma vaga a essas pessoas por viagem. Se por acaso um idoso parar um veículo que já tenha uma pessoa com deficiência, um estudante ou outro idoso dentro, ele precisa esperar pelo próximo.