Cotidiano

Delegado da PF admite dificuldades de combater garimpo na Terra Yanomami

Paulo Teixeira defendeu que “é preciso uma permanente presença estatal para impedir o retorno dos criminosos" ao território indígena

O delegado da Polícia Federal, Paulo Teixeira de Souza Oliveira, admitiu nesta quinta-feira (2), na Câmara dos Deputados, as dificuldades da corporação para combater o garimpo ilegal da Terra Indígena Yanomami.

Um dos slides apresentados na reunião mostra que “para chegar aos garimpos de maneira eficaz, é necessário o uso de helicópteros de médio e grande porte, e como as distâncias são enormes, mesmo com o uso de helicóptero, é difícil surpreender os garimpeiros com um ataque rápido”.

Paulo Teixeira citou que a corporação precisa do apoio do Exército Brasileiro na maioria das operações para chegar ao território indígena pelo ar, uma vez que não há pistas de pouso capazes de receber quaisquer das cinco aeronaves de pequeno porte da PF. “Hoje a gente não está conseguindo usar as aeronaves da Polícia Federal”, pontuou.

“Sabemos que é necessário um controle do espaço aéreo da Terra Indígena Yanomami para que a gente possa coibir as novas investidas dos criminosos. Só que ai já foge as possibilidades de atuação e as atribuições da PF. Nós temos a necessidade, junto com órgãos parceiros, de intervir nos canais fluviais e terrestres de acesso, e sobretudo, nesse controle do comércio ilegal do ouro”, declarou.

“Aquele que explorar ou qualquer outro mineral sem licença do governo ou dentro de Terra Indígena está, sim, cometendo um delito que vai, sim, ser apurado”, avisou.

O delegado defendeu que “é preciso uma permanente presença estatal para impedir o retorno dos criminosos na Terra Indígena Yanomami”. Ele ressaltou o entendimento da superintendência regional da PF em Roraima de que o estupro seguido de morte de uma adolescente yanomami, e o desaparecimento de uma criança indígena, não teria acontecido.

“Importante a gente deixar claro: não existe eventual má-fé da liderança que notificou o fato, porque o que foi narrado e que chegou pra nós a título de notícia-crime é perfeitamente factivo e a ocorrência desse tipo de violência é bem provável quanto às adolescentes yanomami”, ponderou.

A comissão externa que acompanha as violações de direitos contra indígenas da Terra Yanomami e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, ambas da Câmara dos Deputados, se reúne nesta quinta-feira para tratar da visita a Roraima.

Transmissão da audiência na Câmara