Segundo pesquisa do Instituto Data Popular, o Brasil tem 67 milhões de mães. Dessas, 31% são solteiras e 46% trabalham. Com idade média de 47 anos, 55% delas pertencem à classe média, 25% à classe alta e 20% são de classe baixa. A empregada doméstica Luzia Souza de Oliveira é uma destas mães solteiras. Dina, como prefere ser chamada, tem duas filhas pequenas e há alguns meses veio do Pará para Boa Vista, em busca de trabalho e melhores condições de vida. No entanto, ela está há um mês sem trabalho e passa por dificuldades financeiras.
A situação dela foi relatada na rede social por uma leitora da Folha que, ao consultar os Classificados a venda de uma geladeira usada, pelo valor R$ 120,00, chegou até a casa de Dina, em um condomínio no bairro Tancredo Neves, zona Oeste. Lá, ela constatou que a mulher estava vendendo a geladeira para poder comprar comida para suas filhas, de 6 e 4 anos de idade.
“Precisei vender a geladeira porque começou a faltar comida. Com o aluguel de R$ 300 por mês, comecei a me desesperar. A moça até comprou por mais do que eu tinha anunciado”, disse, acrescentando que pôde ficar mais aliviada quando a compradora, sensibilizada, publicou sua situação na internet, pedindo ajuda de amigos e conhecidos. “Tem gente me telefonando de vez em quando, ajudando no que pode com apoio financeiro pequeno ou um pacote de comida. Seja como for, eu sempre agradeço muito”.
Dina afirmou que é inscrita no programa Bolsa Família, mas o valor mensal não cobre todas as despesas que tem com alimentação. Ela retirava R$ 200,00 do benefício para manter as duas filhas. O valor diminui para R$ 140,00. “Juntei com o que tinha guardado e mal deu para pagar o aluguel”, observou.
A empregada doméstica relatou que, quando precisou se mudar para o condomínio, por questões familiares, pediu ajuda para o Conselho Tutelar. Eles teriam garantido o benefício social para Dina, além de terem conseguido um emprego para ela e creche para as crianças, próxima de onde mora. Porém, como a creche não tem período integral, a situação profissional de Dina acabou se complicando. “Preciso cuidar delas e levar para a escolinha eu mesma, pois não tenho mais ninguém em Boa Vista. Foi por isso que eu precisei deixar o trabalho”, disse, emocionada. O pai das crianças voltou recentemente para o Pará. Ela preferiu não entrar em detalhes sobre essa questão.
Mais que apoio financeiro e assistências materiais, ela busca agora um trabalho durante o turno da tarde, de 13h às 17h, horário em que suas filhas estão na escola.
“Faço faxina e trabalhei sempre cuidando de casa, fazendo comida. Mas estou disposta a fazer qualquer trabalho que seja digno para sair dessa situação”, frisou.
As pessoas que quiserem contribuir na indicação de algum emprego ou como diarista podem contatá-la através do telefone (95) 99163-2854. Ajudas com alimentação, roupas e material escolar também serão bem-vindas, segundo ela. (JPP)