RESTROSPECTIVA 2023

Desnutrição, ataques e garimpo ilegal: Retrospectiva da Crise Yanomami

Indígenas Yanomami afetados pela crise sanitária - Foto: Urihi Yanomami
Indígenas Yanomami afetados pela crise sanitária - Foto: Urihi Yanomami

Neste ano, os olhos do mundo se voltaram à Roraima. Uma crise humanitária, denunciada por um portal nacional, revelou a realidade vivida pelos indígenas Yanomami, com 570 crianças menores de cinco anos perdendo a vida entre 2019 e 2022 devido a doenças evitáveis. Imagens chocantes de crianças e idosos desnutridos se espalharam pela imprensa e redes sociais, gerando comoção nacional e internacional.

A desestruturação da assistência à saúde indígena e a invasão garimpeira foram apontadas como as principais causas dos desdobramentos trágicos. O mercúrio contaminou os povos indígenas, o que somado à desnutrição e à fome, fez com que a situação ficasse ainda mais grave.

Destruição promovida pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (Foto: Hutukara Associação Yanomami)

Após a repercussão, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou investigações sobre suspeitas de genocídio e outros crimes relacionados ao governo anterior de Jair Bolsonaro.

Diante disso, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, declarou emergência em saúde pública na Terra Indígena Yanomami. O decreto acionou uma resposta do presidente Luis Inácio Lula da Silva, que visitou Roraima logo no primeiro mês de mandato para avaliar a situação de perto. No mesmo contexto, Lula criou um comitê nacional para enfrentar a problemática.

A crise foi tema central na primeira plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), revelando diagnósticos dos ministérios da Saúde, Defesa, Justiça e Segurança Pública, Desenvolvimento e Assistência Social, Casa Civil e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

A Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, destacou a necessidade urgente de conter a invasão de garimpeiros para proteger a segurança das comunidades indígenas.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, durante audiência pública no Senado (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Após as operações de combate ao garimpo ilegal, a atividade reduziu em 80%, segundo o procurador da República em Roraima, Alisson Madrugal.

Em abril, uma Comissão Externa do Senado visitou Roraima para acompanhar a crise, enquanto lideranças indígenas denunciaram um ataque a tiros de garimpeiros contra os Yanomami.

Em maio, mais 29 mortes foram registradas na Terra Yanomami, com quase metade delas sendo crianças menores de 4 anos.

Como medida para combater a fome em TI, foram realizadas diversas entregas de alimentos ao longo do ano. Em agosto, mais de 37 toneladas de alimentos por parte das Forças Armadas em apenas seis dias, na TI Yanomami.

O transporte e a entrega de alimentos fazem parte de uma das frentes de ação das Forças Armadas. (Foto: reprodução

No cenário mais recente, em dezembro, o cantor Alexandre Pires tornou-se alvo de uma operação da Polícia Federal que visa desarticular um esquema suspeito de financiar o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.

O cantor Alexandre Pires durante apresentação (Foto: Instagram Alexandre Pires)