Detentos planejaram fuga em massa pelas redes sociais

Detentos que cumprem pena na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, zona Rural de Boa Vista, planejaram pelas redes sociais a última fuga em massa, ocorrida na madrugada do dia 8 passado, quando 23 fugiram pulando o muro. Policiais militares e agentes penitenciários que trabalham no presídio consideram o uso dos celulares por detentos uma coisa comum lá dentro.

Além de planejarem fugas e crimes fora da unidade prisional, os detentos mantêm contato diário com esposas, familiares e amigos, postando selfies e registrando o dia a dia no cárcere. As postagens são feitas em páginas do Facebook e no aplicativo WhatsApp por meio de smartphones.

Os detentos usam nomes falsos nas redes sociais como disfarce. Assim eles tentam despistar possíveis monitoramentos. Mas, em um dos casos, o disfarce do detento Herik Douglas Alencar, cadastrado na rede social como ‘Marcelo Silva’, acabou sendo descoberto após uma declaração da esposa. Herik é condenado por roubo, o popular assalto.

O detento Uailan Charchar Silva, também condenado por assalto, ironizou e postou em sua página no Facebook, um dia antes da fuga, “se kizer ja podem me deixar ir embora! kkkk…. partiu rolé cm os irmãozinhos…”.

Ele é um dos 23 foragidos. Assaltante, Uailan ainda deu o recado: “da vida naw levo nada. por isso vou tomando de kem tem pela frente. Segura ai ladrão se tudo der certo mais tarde tamo la… geral roubando”.

A Folha fez matéria investigativa no ano passado, denunciando o uso indevido de redes sociais pelos detentos da Penitenciária Agrícola, mas a prática criminosa continua. Os detentos usam frases de efeitos, inclusive religiosas, mas algumas com um português precário. Os internautas do crime arquitetam assaltos e indicam novos pontos de venda de droga na cidade. Eles também aliciam jovens, recrutando-os para a vida bandida.

SEJUC – A Secretaria Estadual de Justiça e da Cidadania informa que o Estado vem estudando meios para aquisição de tecnologias que possibilitem o bloqueio do sinal de aparelhos celulares nas unidades prisionais.

Enquanto a tecnologia não é instalada, a Polícia Militar tem feito revistas frequentes para retirar o material, que é proibido dentro do sistema.

Conforme o secretário de Justiça e Cidadania, Uziel Castro, existe fiscalização e controle eletrônico reforçado nas unidades prisionais de Roraima, seguindo uma das 17 metas estabelecidas pelo Governo de Roraima para garantir o cumprimento de pena no sistema e evitar a prática de ilícitos.