O Dia de Finados, celebrado neste sábado (2), é uma data importante para a reflexão sobre a morte, várias religiões tem sua forma de enxergar a morte e não diferente com a Doutrina Espírita. Para eles, a morte não representa o fim da existência, mas uma transição para uma nova etapa espiritual.
Segundo o Espiritismo, a vida material é apenas uma fase de aprendizado e evolução, e o “desencarne” é a libertação do espírito para novas oportunidades de progresso em outras dimensões espirituais. Isso reduz o temor pela morte, já que o entendimento é que a jornada do espírito continua além do corpo físico.
No contexto dessa filosofia, o luto é encarado com serenidade e aceitação. Para os espíritas, a prece e a elevação dos pensamentos no Dia de Finados são formas de enviar boas energias para os entes queridos que partiram, mantendo uma conexão espiritual. Ao invés de fixar-se no sofrimento da perda, os espíritas buscam uma visão positiva, visualizando o ente querido em paz e evolução. Essa prática ajuda tanto no conforto emocional dos que ficam quanto no fortalecimento espiritual do ente desencarnado, pois pensamentos negativos ou de apego excessivo podem interferir na trajetória desse espírito.
Em entrevista à Folha, João Vitor, que é espírita, relata que a ideia de “morte como libertação” também reflete um aspecto central do Espiritismo.
“Nós acreditamos que o apego às coisas materiais limita nosso progresso espiritual. Os bens materiais são ferramentas para nosso aprendizado na Terra, e não fins em si mesmos. Quando nos apegamos de forma desmedida a posses ou status nossa felicidade fica presa ao que é transitório e esquecemos de buscar o verdadeiro propósito da vida que é o aprimoramento do Espírito. Para o Espiritismo, é fundamental viver com equilíbrio, usufruindo das coisas materiais com gratidão, mas sem permitir que elas se tornem o centro de nossa vida. Dessa forma, no momento do desencarne (ou “morte do corpo físico”), já estaremos treinados para desapegar, o que nos permitirá seguir com mais leveza e paz para o mundo espiritual. Como ensinou Jesus, “onde está o vosso tesouro, aí estará o vosso coração.” Nossa verdadeira riqueza é o que construímos dentro de nós, e não o que acumulamos externamente”, disse.
Sobre a relação com os entes queridos, o Espiritismo ensina que “não somos donos das pessoas”, como destaca João Vitor: “Na visão espírita, de todos os institutos sociais existentes na terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida. A família é uma grande oportunidade de aprendizado e evolução mútua, mas não representa posse. Nossos familiares, sejam eles pais, filhos, irmãos ou cônjuges, são Espíritos que nos acompanham nessa jornada de evolução que eles estão envolvidos tanto quanto nós, e estamos ligados por laços espirituais e não de posse. Ao entender que nossos entes queridos são, acima de tudo, filhos de Deus, aprendemos a respeitar o espaço, as escolhas e o próprio caminho deles. A Doutrina Espírita nos ensina que o amor verdadeiro é aquele que liberta e que confia, respeitando o processo evolutivo de cada um. Compreendemos que nossas relações não são um direito de propriedade, mas sim uma bênção para cultivarmos a paciência, o respeito e a verdadeira fraternidade”, acrescentou.