Cotidiano

Disque 188 de combate ao suicídio é gratuito em RR desde março

Desde domingo, 1º, serviço é gratuito em todo o país; Até então, Bahia, Pará, Paraná e Maranhão estavam fora do serviço

O disque 188 do Centro de Valorização da Vida (CVV), para prevenção do suicídio, está disponível de forma gratuita em todo o Brasil desde o dia 1° de julho. Mas aqui em Roraima o serviço já funciona sem a necessidade de pagamento desde o mês de março, quando o Estado adotou o número, cedido pelo Ministério da Saúde.

Além de gratuito, o serviço funciona 24 horas por dia e não exige forma alguma de cadastro. Isso é positivo para pessoas que têm receio em se identificar ou dizer a cidade de onde estão falando. De acordo com o porta-voz do Centro em Roraima, Guilherme Ramos, mesmo sem números precisos, a média de atendimentos pode chegar a mais de 8 mil diariamente. Em 2017, o serviço recebeu 2 milhões de ligações.

“Atendemos uma média entre 7 mil a 8 mil pessoas diariamente, de todas as partes do Brasil. As chances de atendermos alguém de Roraima são pequenas, uma vez que recebemos ligações que são redirecionadas de qualquer parte do país. Além disso, o número que liga nunca aparece para nós, para que nem isso seja identificado”, contou.

Sobre as mudanças do 188 para todo o Brasil, que agora passou a englobar todo o país, Guilherme comentou que a mudança irá tornar o atendimento mais eficiente, com uma distribuição melhor de demandas. Até então, os estados que estavam fora do serviço eram Bahia, Pará, Paraná e Maranhão.

“Todos os estados foram fechados. Isso significa que é muito mais fácil a realização da distribuição de demandas entre todos os ramais do país, sem mais haver uma limitação regional. A pessoa que vai ligar para o 188 é direcionada para uma central, e depois é encaminhada para a linha que está mais ‘ociosa’, ou seja, aquela que está mais segundos sem receber ligações. Assim que o telefone fica ligado à rede, ele não para de tocar”, explicou.

No ramal de Roraima, existem 18 voluntários. Os turnos são de quatro horas semanais, divididos entre os membros. O Centro possui três tipos de colaboradores. Os plantonistas, que são os que falam diretamente com as pessoas pelo telefone, os especialistas, geralmente psicólogos e advogados, para auxílio de questões legais e morais, e os administrativos, que ficam encarregados da administração do serviço e diálogo dele junto ao sistema nacional.

“Todos que trabalham no CVV são voluntários. Para ser voluntário, não é necessário especialização. Basta saber ler e escrever, ter mais de 18 anos, além de boa vontade de doar quatro horas de seu tempo de forma esporádica para ajudar vidas. É feito um Programa de Seleção Voluntário (PSV), que inicia com um concurso, seguido de algumas atividades para auxiliar as pessoas que estarão usando o telefone, repassadas por representantes do CVV que vêm para cá, e após isso, a pessoa está pronta para conversar e saber comunicar junto a pessoas que estão em um momento tão delicado quanto o que faz ela ligar”, afirmou.

Também foi destacada pelo porta-voz a necessidade do Centro em Roraima, uma vez que demonstra ter uma média maior que a nacional de número de suicídios, colocando o Estado entre os cinco com mais casos registrados do país.

“Acreditamos que Roraima é um estado que merece atenção. 6,5, a cada 100 mil pessoas, cometem suicídio aqui, e isso é alto. No Rio Grande do Sul, estado com maior índice de suicídios, a média é de 9 a cada 100 mil. Um fator que acreditamos impulsionar esse número está entre os próprios indígenas. 15 a cada 100 mil tiram a própria vida em todo o país, e isso é refletido aqui no estado. E na grande maioria são jovens, que estão passando por uma crise de identidade ou desilusão de crenças”, dissertou.

OUTRAS FORMAS DE ENTRAR EM CONTATO – Além do 188, é possível acessar o serviço de atendimento gratuito através do portal cvv.org.br, onde as possibilidades de conversas através de chat e e-mail estão disponíveis. “Teve até uma época que tentamos fazer por Skype. Acabou não funcionando, mas isso é algo que acreditamos que pode voltar, pois com o sistema da CVV interligado nacionalmente, é mais simples realizar tais aprimoramentos”, contou Guilherme Ramos.

O Centro de Valorização da Vida também trabalha com palestras e eventos. Para quem estiver interessado na realização destes, é preciso ir até o local de atendimento, na Avenida Capitão Júlio Bezerra, número 193, Centro.

Um Programa de Seleção Voluntário (PSV) será realizado em outubro deste ano, apesar do edital ainda não ter sido divulgado no portal do CVV. Doações ao Centro também podem ser feitas. No site, ao clicar em ‘colabore’, no menu superior, informações sobre como elas podem ser efetuadas estão disponíveis. (P.B)