Dívida do Governo deixa órgãos públicos sem energia elétrica

Além de servidores, o Governo do Estado também está endividado com a Eletrobras Distribuição Roraima. E o resultado disso foi a falta de energia em pontos importantes da cidade, como a Feira do Produtor e a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), prejudicando vendedores e comprometendo todo o funcionamento financeiro do Estado, o que dificulta ainda mais o pagamento de servidores.

A Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), Secretaria da Gestão Estratégica e Administração (Segad), a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a Secretaria de Infraestrutura (Seinf) e o Parque Anauá também foram atingidos pelos apagões, segundo apurado pela Folha. Até o fechamento deste material, a energia não tinha sido restabelecida.

Na Feira do Produtor, o apagão ocorreu logo pela manhã, por volta das 9h, e gerou a perda da maior parte das mercadorias. Açougueiros foram os mais prejudicados, como é o caso de Pedro Ferreira, que teve que salgar e colocar seu estoque embaixo do sol para que a carne pelo menos ficasse fresca.

“A sorte que tenho é que hoje não está tendo moscas. Geralmente, quando alguém pratica esse tipo de coisa é autuado. Mas no meu caso, se algum fiscal vir perguntar, eu vou dizer que a culpa é do Governo, que me deixou numa situação complicada e tive que me virar como pude para não perder minha mercadoria”, contou.

Na Feira do Produtor, feirantes temem perder produtos por conta da falta de energia Foto: (Priscilla Torres/Folha BV)

Os vendedores de peixe também sentiram o impacto. No caso do gerente de uma peixaria, Marcos Fabiano, já é comum o uso constante de gelo para preservação das mercadorias. Entretanto, até o gelo parece estar próximo de ficar em falta. “Estamos acostumados a deixar os peixes no gelo, ainda mais com os apagões que volta e meia ocorrem. Mas agora estamos tendo problema em arranjar mais gelo. É isso que iremos precisar se isso continuar”, comentou.

A feirante Silvana de Andrade, que tem o feijão como carro-chefe, contou que também teve seu estoque comprometido, e que a maior parte dele duraria no máximo até a manhã desta quarta-feira, 24. “A maior parte das coisas aqui na feira estão ficando sem condições de se vender. Eu estou prestes a perder tudo que tenho, e sequer tenho a quem recorrer, pois o Governo não vai nos ajudar. Já pagamos um frete absurdo para chegada de mercadorias, e quando chega, ainda estraga!”, lamentou a vendedora.

Governo diz que dívida com Eletrobras é de gestão anterior

Por nota, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) informou que a Eletrobras justifica a suspensão de energia ocorrida nos órgãos estaduais, como sendo de débitos referentes aos anos de 2013 e 2014, o que antecede a atual gestão de governo. Conforme a Sefaz, apenas os meses de julho e agosto de 2018 estão em atraso junto à companhia.

“O aviso de corte foi apresentado e oficializado à Sefaz no ato do corte, o que prejudicou a emissão de Dare (Documento de Arrecadação de Receitas Estaduais) e tramitação de processos. Diante às dificuldades de caixa e dos diversos bloqueios que ocorreram na conta do Governo, a prioridade é o pagamento de servidores, assegurado por meio de decisão judicial”, informou a nota.

Afirmou que a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ingressou com ação na Justiça e obteve liminar favorável para a religação da energia. Entretanto, até o fim da tarde de ontem, 23, a Eletrobras não efetuou a religação.

ELETROBRAS – Por meio de nota, a Eletrobras Distribuição Roraima confirmou que os cortes de energia foram feitos em função da dívida de secretarias do Governo do Estado junto à companhia. Em relação a valores ou de qual o período das dívidas que provocaram os apagões, não houve retorno. Por telefone, a assessoria afirmou que a empresa tem como dever preservar pormenores de débitos de seus clientes. (P.B)