Cotidiano

Doença infecciosa atinge cães que estão com vacinas atrasadas

Vírus é transmitido pelo ar ou por contato direto com animal doente e não tem cura; a única forma de prevenção é por meio de vacina

Silencioso, o Vírus da Cinomose Canina (VCC) só começa a se manifestar quando está em estágio avançado. O cachorro apresenta perda de apetite, olhos e narizes com corrimento, passa a ter diarreia e vômitos.

Doença infectocontagiosa tem um risco grande por ser altamente transmissível para outros animais, e geralmente acomete cães que estão com o cartão de vacinação atrasado.

A transmissão pode ocorrer pelo ar, contato direto com um cachorro que já está infectado ou compartilhar objetos e vasilhas de outros cães, assim como estar no mesmo local que os animais doentes. Segundo o veterinário José Evanaldo, os animais que estão mais receptíveis a ter a doença são jovens e idosos.

Quando os cachorros entram em contato com o vírus, dependendo da imunidade do animal, os sintomas começam a aparecer de três a seis dias, no máximo até 15 dias.

“Além dos sintomas principais, pode apresentar convulsões, paralisia em alguns membros e falta de coordenação motora. Não há medicamentos antivirais específicos para essa doença, apenas tratamento de suporte das infecções secundárias”, explicou o veterinário.

Sem ter cura, o tratamento é feito com antibióticos, expectorantes pulmonares, soro para melhorar a desidratação intensa e suplementos para estimular a criação de anticorpos e criar imunidade para tentar expulsar o vírus. A única forma de prevenção é através da vacinação, com as vacinas V8, V10 e V11 que podem ser aplicadas no animal quando filhote a partir de 45 dias de vida.

“Também não expor o animal a qualquer tipo de ambiente que já foi alvo de contaminação por esse vírus. É importante seguir todo protocolo vacinal e anualmente, contra a raiva e cinomose, além de outros vírus que podem acometer o animal. Se seguir esses cuidados, as chances de adquirir é bem menor”, enfatizou. 

Vacina só é encontrada em clínicas particulares

O vírus tem maior chance de se manifestar durante períodos de inverno, portanto é necessário ter cuidado redobrado ao levar o cachorro para passear em lugares abertos porque a possibilidade da circulação pelo ar é alta. Muitos cachorros de rua podem ser acometidos pela cinomose, o que intensifica o cuidado veterinário necessário antes de serem levados para dentro de casa.

“Muita gente tem amor pelos cachorros de rua, quer adotar e acabam levando para sua residência e acaba que contamina o ambiente. Em alguns casos, os cachorros ainda não têm terminado o protocolo de vacinação. É preciso saber como estão os exames deles. Tem que fazer o exame de cinomose”, destacou.

A doença só afeta os cães e não apresenta nenhum tipo de risco para os donos, porque não é classificada como uma zoonose, portanto, não tem a vacinação disponível nos postos de saúde gratuitamente, é necessário procurar uma clínica particular que cobra em torno de R$ 70 pela vacina.

Donos precisam ficar de olho em cartão de vacinação

O veterinário José Evanaldo relatou ainda que muitos donos não possuem o conhecimento devido da doença, só descobrem quando é manifestada em estágio avançado, o que aumenta os riscos transmissíveis. Na última semana, o veterinário contou que fez o diagnóstico de quatro cachorros com a doença. 

“As vacinas oferecidas pela Prefeitura dão uma imunidade específica para a raiva, mas ainda não é 100% devido a alguns animais nunca terem tomado vacina ou não terem passado pelo protocolo vacinal de duas a três doses consecutivas no período de 21 a 30 dias, e também anualmente”, afirmou. O veterinário completou dizendo que, por não ser uma zoonose, não cabe à Prefeitura informar ou fazer a vacinação contra a cinomose.

O especialista descarta a possibilidade de ter uma epidemia da doença em Boa Vista pelo aumento da conscientização por parte dos donos, que procuram cada vez mais levar os cachorros ao veterinário. Se for diagnosticada, o dono passa a comentar com amigos próximos, que já fazem a vacinação para prevenção. (A.P.L)