Cotidiano

Doentes renais são equiparados a pessoas com deficiência

Pacientes com doença renal crônica poderão concorrer a vagas destinadas para pessoas com deficiência em concursos públicos

As pessoas com doença renal crônica enfrentam limitações na vida e no mercado de trabalho em razão de seus problemas de saúde. Eles não têm os benefícios garantidos pela Lei Brasileira de Inclusão, mas em Roraima, agora poderão concorrer em concursos públicos dentro das vagas destinadas a pessoas com deficiência.

O benefício foi garantido após sanção da lei número 1.301/2019, fruto de um projeto criado pelo ex-deputado Valdenir Ferreira (PV), que equipara portadores de doença renal crônica a pessoas com deficiência em relação ao percentual legal de vagas reservadas em concursos públicos.

Manoel Cesário de Souza convive há 13 com a insuficiência renal crônica. Enquanto passava por uma das três sessões semanais de hemodiálise, contou um pouco dos desafios que enfrenta diariamente.

Antes do diagnóstico, ele sentia dores e inchaço no corpo, principalmente nas pernas, que o impediam de continuar as atividades cotidianas e no ofício de pedreiro. Hoje com 63 anos, o autônomo descobriu a doença aos 50 anos, quando um dos rins já estava paralisado e o outro tinha apenas 5% de suas funções. “Um dia eu não conseguia andar de bicicleta”, disse o pedreiro ao lembrar que caiu durante um serviço em uma obra e não conseguiu mais levantar, momento em foi levado ao hospital por familiares.  

Desde então a rotina de Manoel Souza é de constantes idas ao hospital, mas isso não o impede de trabalhar. Com o passar dos anos, ele disse que se adaptou à condição de vida. “Eu me sinto bem, chego em casa e me alimento bem… um dia ‘tô’ meio fraquinho e no outro dia estou preparado para ‘enfrentar a guerra’”, disse.

Devido à idade avançada e a pouca escolaridade, Manoel não pensa em concorrer a vagas no mercado de trabalho, mas destacou que existem muitas pessoas na mesma condição que a dele, preparadas e capacitadas para exercer funções no serviço público. “Isso [a iniciativa da lei] é muito importante. Há pessoas, que fazem hemodiálise, capazes para fazer um concurso e entrar no mercado de trabalho para trabalhar e melhorar a situação”.

Atualmente, na clínica especializada onde Manoel é paciente, cerca de 250 pessoas realizam hemodiálise três vezes por semana, de segunda a sábado. Em média, o tempo do procedimento chega a três horas e meia por sessão. O tratamento filtra e purifica o sangue artificialmente e é essencial para a sobrevivência destas pessoas, uma vez que os rins não funcionam como deveriam.

Na justificativa do projeto de lei, o ex-deputado Valdenir Ferreira frisou que a proposta é inserir pessoas nestas condições no mercado de trabalho. “Muitos doentes querem voltar ao trabalho o mais rápido possível”, disse ao complementar que no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, mais de 90 mil pessoas fazem diálise, uma das formas de tratamento da insuficiência renal.