RODRIGO SANTANA
Editoria de cidades
A decisão do presidente, Jair Bolsonaro, de monitorar os bispos do Brasil que vão participar do Sínodo da Amazônia foi alvo de críticas do bispo dom Mário Antônio da Silva, que disse estar tranquilo quanto à atuação da igreja.
“Nós bispos estamos tranquilos com a declaração do presidente, pois trabalhamos para o bem comum. Gostaríamos que os governantes fizessem o mesmo em uma esfera coordenada federal, estadual e municipal”, disse.
O bispo contou que não está surpreso com essa posição do governo, pela forma com trata alguns assuntos que são defendidos pela igreja católica relacionados a questão ambiental e valorização dos povos originários.
“É certo que existe um olhar diferenciado do governo em relação a atuação da igreja católica. Não temos medo de qualquer tipo de investigação. Esperamos que não existam perseguições devido as causas que defendemos na Amazônia, sobretudo a indígena”, desabafou.
Sínodo – A Diocese de Roraima juntamente com as paróquias e áreas missionárias estão trabalhando na conclusão do documento com as propostas do Sínodo Especial, que tem como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”.
O Bispo de Roraima, dom Mário Antônio da Silva, informou que foi elaborado um texto a partir do processo de escuta entre os membros da igreja, e que estão utilizando o material como uma espécie de manual para as discussões.
“Ainda estamos no processo Sinodal, que teve início desde outubro de 2017 com a convocação do Papa Francisco. As nossas dioceses, paróquias e áreas missionárias no Brasil e mais oito países realizaram a escuta com um documento preparatório”, informou.
Dom Mário disse que nessa fase surgiram propostas para os desafios e constatação dos avanços e conquistas das igrejas e dioceses.
“Essa semana os missionários, padres e religiosos de Roraima promoveram um estudo, reflexões, celebrações, debates das propostas e encaminhamentos de todo o processo sinodal”, destacou.
É o primeiro sínodo realizado para a região da Amazônia. Dom Mário explica que a vontade de Deus é que o homem seja feliz e que possa administrar com sabedoria todo tipo de bem natural.
“O papa Francisco sugeriu com o tema escolhido para esse ano, permita que a igreja encontre novos caminhos que nos leve a bons resultados. Ele diz que os novos caminhos sejam voltados para o cuidado com a vida e o anúncio do evangelho”, relatou.
O Bispo disse ainda que esses novos caminhos adotados pelo Sínodo sejam os mesmo para uma ecologia integral. O cuidado com o todo da vida, especial a vida humana e sua relação com a natureza.
“A ecologia integral deve ter como preocupação uma vida digna, que é o resultado de uma conversão pessoal, comunitária e ecológica. Onde os princípios éticos, morais, ambientais e sociais sejam favoráveis a vida humana”, enfatizou.
Estes e muitos outros temas serão abordados pelo Sínodo e levados até o Papa, em Roma, entre os 6 a 27 de outubro deste ano. Participarão do Sínodo os bispos da Amazônia e de outros países.
Dom Mário ressaltou que a igreja defende a soberania do país em relação Amazônia, e que qualquer decisão referente a esse espaço geográfico precisa ser tomada em comum acordo com a sociedade.
“Qualquer decisão que venha ser tomada não pode ser feita de maneira isolada, com base apenas do que o governo acredita. É preciso haver uma discussão com a população local e instituições que se propõe a promover a vida”, finalizou.