De forma geral, postos de combustíveis em Boa Vista permanecem com preços inalterados, mesmo após a paralisação de caminhoneiros e anúncios de redução de R$ 0,46 no valor do diesel e alta de 0,74% no valor da gasolina em refinarias.
Isso ocorre devido ao fato de que refinarias ainda não estão oferecendo os combustíveis com os preços alterados. Entretanto, mesmo antes das mudanças, um clima de medo rodeia os postos da Capital, devido à possibilidade de uma má recepção por parte da população frente aos novos preços.
Para a administradora da parte logística de um posto localizado no Raiar do Sol, Leila Barbosa, um cuidado está sendo feito junto a outros postos do bairro para que a alteração do preço não seja assustadora ao ponto de causar revolta da população. “Ainda estamos nos organizando aqui no bairro.
Aqui temos uma política de manter os preços aproximados, para que a oferta seja justa. Estamos tomando muito cuidado com esse aumento, pois talvez ele possa servir de pavio para uma nova paralisação. Se a mudança for muito brusca, o impacto na população será enorme”, comentou.
No bairro Silvio Botelho, o frentista Wanderson Douglas relatou que a mudança no preço da gasolina e diesel é imprevisível, devido ao fato de que os combustíveis podem ser comprados em refinarias diferentes. “Não tem como saber o que acontecerá. Quem definirá serão as refinarias. Hoje [sexta-feira, 1º] eu sei que não há alteração no preço do diesel, então não estamos ofertando. Ficaremos no aguardo das alterações. Quanto à gasolina, só aumentaremos aqui se a mudança ocorrer de fato na oferta dele”, explicou.
De acordo com o gerente administrativo de posto do bairro Liberdade, Charles Alves, uma baixa do Diesel S10 já foi realizada mesmo com o preço de refinarias inalterado. “Nós já queremos alinhar o preço de acordo com o reajuste. Entretanto, não faremos isso com a gasolina ainda, pois a população ainda não está pronta para essa mudança”, afirmou.
Comentando sobre a paralisação em si, Charles alegou que ela foi extremamente lucrativa para o posto em que trabalha. “Nós vendemos em dois dias o que costumamos vender em um mês. O impacto da paralisação foi esse para nós, mesmo que tenha sido desesperadora toda a correria”, observou.
Em posto de combustível no bairro Pintolândia, a estratégia de esperar o preço novo do diesel também foi adotada, segundo o gerente de rede, Rogério Pereira. “Não vale a pena comprar o combustível que a qualquer momento pode ser alterado. Estamos sem diesel, mas continuamos esperando”, disse.
Ele também relatou temer a reação da população com a alteração do preço da gasolina, uma vez que a possibilidade de revolta pode aumentar. “Quando a gasolina com preço alterado chegar, o bicho vai pegar! Do jeito que tá, até carro vai fazer paralisação. Não sei como a população irá reagir, mas não vai ser positivo”, confessou.
No Caimbé, o frentista Francinilson Guedes demonstrou já estar acostumado com a população reagindo de forma negativa aos preços cada vez maiores. “O pessoal aqui já chega perguntando se já aumentou de novo. Xingam e zoam. São ossos do ofício. Buscamos sempre estar com competitividade com outros postos do bairro, oferecendo melhores preços no dinheiro. É o jeito”, explicou.
Francinilson também destacou que existe uma diferença gritante em combustíveis que são comercializados no Brasil, com aqueles que são exportados. “Eu tenho um amigo em Foz do Iguaçu que mostrou a diferença entre o preço de um posto de combustível no Brasil e no Paraguai. Lá, estava R$ 2,50 mais barato que o posto do Brasil. O engraçado é que a distância entre os dois postos é de 500 metros, mas com diferenças tão drásticas”, concluiu. (P.B)