Cotidiano

Donos de transporte escolar paralisam

Empresários estão endividados e afirmam que não têm mais condições de continuar transportando estudantes para a escola

Empresários que prestam serviço de transporte escolar para a rede estadual de ensino deram início, na manhã de ontem, a uma paralisação de advertência devido à insatisfação com a falta de pagamento pelos serviços prestados ao governo no período de 2012 a 2014.  Logo nas primeiras horas da manhã, os veículos foram estacionados na Praça do Centro Cívico, em frente ao Palácio Senador Hélio Campos. Esta é a segunda paralisação do grupo em menos de sete dias.
Conforme noticiado pela Folha na semana passada, o grupo havia interrompido a prestação de sérvio com a finalidade de sensibilizar o Governo do Estado a pagar parte dos atrasados, porém, a resposta dada pela Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) foi que o Executivo não teria dinheiro para repassar aos empresários. Os veículos fazem transporte de alunos nos municípios do interior do Estado e na zona rural de Boa Vista.
“Nós estamos aqui na expectativa e na esperança de que o governo possa nos dar alguma prioridade com referencia a créditos que temos a receber. Para se ter uma ideia, alguns empresários não recebem seus créditos desde 2012. Outra parte está sem o crédito dos 60 dias de 2013 e agora estamos trabalhando sem o empenho desse últimos 40 dias de 2014. Nós resolvemos paralisar porque, sem o empenho, nós não temos condições de trabalhar”, afirmou o empresário Carlos Soares.
Conforme o empresário, a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefa) havia liquidado os créditos referentes aos anos de 2012 e 2013, mas até o momento nada foi repassado às empresas prestadoras. Sem dinheiro, muitos começam a amargar prejuízos financeiros. “Nós estamos reivindicando os pagamentos atrasados e o empenho dos últimos 40 dias de 2014 para que possamos dar continuidade ao nosso trabalho, pois nós sabemos da importância da atividade para a sociedade de forma geral”, disse.
Soares frisou que a paralisação é uma ação pacifica e que tem o intuito de mostrar tanto para o governo como para a sociedade o problema que eles estão enfrentando. “A maioria de nós está com problemas de pagamento de salário para funcionários, pagamento de combustível, pagamento de casa de peças, de prestação de carro, entre outras situações. Então, nós não tivemos alternativa que não fosse dar início a essa paralisação”, explicou.
Conforme Soares, em todo o Estado, 500 veículos prestam o serviço ao governo, o que corresponde a mais três mil empregos gerados. Com a paralisação, os quase 8 mil alunos correm o risco de ter o final de ano letivo comprometido. “Na realidade, o prejuízo com a paralisação é muito maior principalmente para os alunos, que já estão em final de semestre. Infelizmente, se não tivermos resultado positivos, nós não teremos condições de voltar ao trabalho”, ressaltou.
Carlos Soares fez questão de destacar que a paralisação segue por tempo indeterminado. “Nós precisamos que seja resolvido os nossos problemas financeiros, inclusive o problema de recebermos o empenho para que possamos completar o semestre trabalhado”, frisou.
DENÚNCIA – Um manifestante procurou a Folha para fazer uma denúncia. Segundo ele, o governo teria pago apenas uma parcela das empresas que prestam o serviço. Essas empresas, segundo ele, seriam justamente a que são aliados políticos do alto escalão estadual.
“Eu estou numa situação que, se não for resolvida, corro o risco de perder um ônibus por causa de dívidas no banco. E não há nem como negociar a dívida. Enquanto ele [governo] não tem responsabilidade com os pequenos, os grandes estão sorrindo. Tanto é que você não viu nenhum deles por lá [na manifestação], até porque não tem razão para estarem lá. Nós temos conhecimento de que o governo repassou o pagamento de 2013 para as grandes empresas. E para as demais é essa complicação. Tem funcionário que mora comigo porque chegou ao ponto de não ter nada para comer. E eu não teria a condição de deixar essa pessoa desamparada. Nós esperamos que o governo realmente pague a todos e não favoreça apenas uma parcela”, protestou.
SEED – Por meio de nota, a Assessoria de Comunicação Social da Secretaria Estadual de Educação e Desportos informou que os 160 dias referentes à prestação de serviço de transporte escolar no ano letivo de 2014 foram pagos, o que corresponde a R$2.327.362,29.
Conforme a nota, desse total, R$ 623.340,22 foram pagos na semana passada a dez empresas prestadora do serviço. O processo referente aos demais dias letivos de 2014 (40 dias) está em tramitação. (ML)