Cotidiano

Doze pessoas são assassinadas em 22 dias de janeiro no Estado

Sinais de execução foram constatados em pelo menos três casos, cujos corpos foram encontrados em estado de decomposição

Apesar de ter registrado queda no quantitativo de aberturas de inquéritos, o número de homicídios cometidos em Roraima tem preocupado autoridades de segurança pública. Só nos primeiros 22 dias do mês, foram contabilizados 12 assassinatos. Em pelo menos três das mais recentes ocorrências, foram constatados sinais de execução.    
Conforme levantamento feito pela Delegacia-Geral de Homicídios (DGH), o ano passado registou queda no número de solicitações de inquéritos de homicídios consumados e de tentativas de assassinato. No ano de 2012, foram registrados 99 inquéritos. Esse número acabou crescendo no ano seguinte, com 38 novos casos, resultando em 137 pedidos de inquérito. Já em 2014, esse número caiu para 79 inquéritos, uma redução de 58 casos.
“A gente observa que do final de 2014 até o dia 22 de janeiro deste ano, ocorreu um aumento não esperado no número de homicídios. Até então, os índices estavam dentro da normalidade, visto que os números de inquéritos registrados pela DGH diminuíram. Mas os casos mais graves começaram a acontecer a partir do dia 23 dezembro e acabaram se intensificando nos primeiros dias do mês”, disse o delegado titular da DGH, Juracy Rocha.
Ele ressaltou que, apesar de expressivos, os números não representam todos os casos cometidos no Estado, nem mesmo na Capital. “Boa parte dos casos de homicídios é resolvida dentro dos plantões policiais. Quando há o flagrante do suspeito, os plantões fazem todos os procedimentos e a DGH não tem acesso aos documentos para instaurar inquérito. A delegacia só assume, de fato, nos casos onde não há autoria definida naquele momento ou quando o crime é cometido por mais de uma pessoa e que uma delas não foi flagranteada”.
Preocupação maior é com crimes que apresentam sinais de execução
De acordo com o delegado Juracy Rocha, desde 2009 a DGH vem intensificando esforços na elucidação de homicídios e latrocínios (roubo seguido de morte) dentro do Estado, ressaltando um êxito de mais de 80%. A preocupação no momento é em relação aos crimes com indícios de execução, considerados os mais complexos de se desvendar.
“É bom que se diga que, em alguns desses novos casos, nós não temos dúvida alguma de que se trata de mortes com características de execução, pois, curiosamente, possuem as mesmas características que nós chamamos de ‘modus operandi [“modo de operação”], embora tenham ocorrido em localidades diferentes”, pontuou, referindo-se aos corpos encontrados na Praia da Polar, no Igarapé Caxangá e nas águas do Rio Branco, que tinham as mãos amarradas.
“Ainda não existem indicativos de que essas vítimas sofreram algum tipo de violência física, já que a delegacia ainda aguarda o resultado do laudo cadavérico. Mas é certo afirmar que todas possuem o mesmo ‘modus operandi’, que são pessoas que tiveram as mãos amarradas e que foram mortas naqueles locais justamente para dificultar as investigações”, complementou.
Outro desafio enfrentado pela delegacia é em relação à agilidade na identificação de corpos encontrados em estágio avançado de decomposição.  Segundo o delegado, a maioria dos casos depende das condições de logística oferecidas pelo Instituto de Criminalística do Estado.
“Os processos de reconhecimento costumam não ser terão rápidos. Eles vão depender muito das condições de logísticas, pois os exames são encaminhados para laboratórios de fora, muitas vezes de Manaus ou em Brasília. Então, é complicado estimar um tempo médio de entrega, mas todos os processos de identificação são feitos para dar prosseguimento às investigações. O Instituto de Criminalística é o grande responsável por dar todo o encaminhamento do material para que se tenha esse resultado. Ou seja, não depende da Polícia Civil, e sim das condições de resposta do instituto”, frisou. (M.L)