“Educação e Direitos Humanos na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica” é o nome do e-book publicado pela editora do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), o qual tem um capítulo escrito pelos professores do Instituto Federal de Roraima Marco Antônio de Oliveira e Lucas Correia Lima. Eles são docentes do Campus Amajari (CAM), noroeste de Roraima, distante 155 quilômetros da Capital, Boa Vista.
No capítulo “Estudantes indígenas e não indígenas: práticas de interação cultural em Amajari-RR”, Marcos Antônio de Oliveira, de História, e Lucas Correia Lima, de Música, refletem sobre os desafios de pensar uma educação em direitos humanos voltada para a luta pelos direitos dos estudantes indígenas diante de uma sociedade opressora e desigual.
Composto por dez capítulos, o livro reúne produções de cinco diferentes instituições da Rede e mostra, a partir de relatos de experiências e reflexões teórico-práticas, um cotidiano da Rede Federal que atua na promoção da educação em direitos humanos. Em breve a publicação estará disponível grátis no endereço http://editora.ifpb.edu.br/index.php/ifpb/catalog. Quem já quiser conferir o material pode baixar aqui.
Os autores trazem suas percepções dos direitos humanos e apresentam os movimentos realizados pelo IFRR/CAM na defesa de uma educação que rompa com o quadro discriminatório. Marco Antônio de Oliveira é doutorando em Sociologia da Educação pela Universidade de São Paulo; Lucas Lima, mestre em Educação pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ambos têm pesquisas sobre o Campus Amajari.
Mesmo o tema do livro não sendo foco da tese de doutorado do primeiro nem da dissertação do segundo, Oliveira contou que surgiu a oportunidade de os dois contribuírem com um artigo sobre educação e direitos humanos. Foi então que resolveram abordar a questão do preconceito na unidade de ensino vivenciada por alunos indígenas e não indígenas. O CAM é a unidade do IFRR com maior número de estudantes indígenas autodeclarados, inclusive, formou, no ano passado, a primeira turma exclusivamente indígena.
Segundo o professor, o capítulo faz uma análise dos motivos que ainda ensejam essa visão preconceituosa sobre a ocupação das terras pelos indígenas, de que eles atrapalham o desenvolvimento. Traz também entrevistas com alunos sobre suas vivências na unidade de ensino. “Mostramos também o que o Campus Amajari tem feito para minimizar essa situação, com projetos de extensão e projetos em sala de aula que ajudam os estudantes a ter melhor convivência com relação à diversidade étnico-cultural no campus, uma vez que há alunos indígenas de pelo menos quatro etnias, alunos não indígenas de vários municípios e localidades, e alunos venezuelanos”, disse.
Já Lucas Lima lembra que, antes de os dois falarem sobre o livro, conversavam acerca da presença marcante dos estudantes indígenas no CAM, que são a maioria. “Antes de o Marcos sair para o doutorado, tínhamos a ideia de desenvolver projetos. Depois fiz o mestrado sobre a valorização da cultura musical indígena, e acabamos trocando ideias e escrevendo o artigo para esse livro. O objetivo foi falar sobre os relatos de preconceitos da vivência de alunos indígenas e não indígenas que ocorrem no IFRR, principalmente em Amajari, e também divulgar as ações que são desenvolvidas para facilitar a socialização das culturas”, comentou.