Com a incerteza sobre o término das obras do Linhão de Tucuruí, que interligaria Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), a crise energética no Estado está longe de ser resolvida. A partir de 1º de janeiro, o fornecimento de energia elétrica no interior ficará a cargo da Eletrobras Distribuição Roraima, que já fornece o serviço à Capital.
Em entrevista à Folha, o diretor-presidente da empresa, Anselmo de Santana Brasil, tratou de tranquilizar a população sobre os problemas energéticos no Estado. “Esse assunto já vem sendo tratado há algum tempo.
Agora iremos assumir a prestação do serviço de fornecimento de energia para o interior e queria transmitir para as cidades e comunidades que passarão a ter nosso fornecimento que estejam tranquilas, pois o fornecimento seguirá sendo padrão”, disse.
Único estado brasileiro que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), Roraima é dependente, desde 2001, do fornecimento de energia elétrica que vem da Venezuela por meio do Linhão de Guri. O país vizinho vive em grave crise política, o que tem preocupado os roraimenses por conta dos constates apagões de energia.
“Esses apagões são causados por interrupções em Las Claritas, na Venezuela. Na verdade, lá tem alta incidência de descargas atmosféricas e eles derrubam a linha, e isso é inerente à nossa vontade, mas, quando ocorre, não é de todo ruim, porque quando o sistema de proteção atua é sinal que está protegendo as instalações”, explicou o diretor-presidente.
Segundo ele, o reabastecimento de energia após os blecautes em Roraima ocorre em, no máximo, 15 minutos, fato inédito no País. “Quando ocorre o apagão, repercute diretamente em Boa Vista, mas conseguimos retornar com o sistema em cinco minutos com as áreas vitais e em 14 minutos retornamos com a cidade inteira, e isso é inédito no Brasil porque tem lugares que levam 20 a 22 horas para repor total o sistema”, afirmou.
Santana reconheceu que a situação dos apagões na Capital é indesejável, mas garantiu que os parques térmicos suprirão a demanda quando necessário. “É uma situação indesejável, mas, além de retornar rápido com o sistema, temos capacidade de geração térmica suficiente para suportar as nossas necessidades. A população deve ficar sossegada porque temos capacidade superior para suportar qualquer demanda aqui na cidade”, destacou.
Ele informou que a fornecedora de energia e a Eletronorte farão investigação para tentar solucionar os problemas dos apagões. “Vamos começar investigação com a Eletronorte para saber se não existe alguma solução técnica que possa diminuir as incidências de apagões. Hoje ainda estamos com a situação confortável em termos de geração e reposição do sistema à sua normalidade”, frisou.
Apesar disso, ele não descartou o risco de novos apagões. “Riscos existem em todas as alternativas. O risco que poderia ter de falta de suprimento poderia vir de problemas políticos de um país instável, assim como consequência técnica. Hoje temos alternativa térmica, coisa que em muitos lugares não têm”, ressaltou.
O diretor-presidente citou que, no próximo ano, a Eletrobras continuará buscando a melhoria no fornecimento de energia em todo o Estado. “O que pode ficar melhor é a segurança, porque cada vez que identificamos o crescimento da cidade, instalamos mais capacidade de geração para aumentar a confiabilidade dos nossos sistemas. Iremos trabalhar nos procedimentos administrativos e aumentar capacitação”, pontuou. (L.G.C)