Implantado na capital no dia 24 de setembro, o Posto de Triagem para venezuelanos, localizado ao lado da Superintendência Regional da Polícia Federal, no bairro 13 de Setembro, já contabilizou mais de oito mil atendimentos. As ações no local são gerenciadas pelo Exército Brasileiro em parceria com várias entidades.
“Antes de entrar em funcionamento, nós percebemos que os imigrantes tinham uma grande dificuldade de tirar os documentos necessários para a interiorização. Com base nessa demanda, nós nos reunimos com os parceiros e elaboramos um local onde eles [imigrantes] pudessem vir e serem atendidos de modo a agilizar o processo de interiorização do Governo Federal, que é a nossa meta mais eficaz para retirar as pessoas de situação de vulnerabilidade das ruas”, comentou o porta-voz da Força-Tarefa Logística Humanitária em Roraima, major Tassio Oliveira.
Conforme o major, o maior número de pessoas atendidas é as segundas-feiras, com público estimado em 600 pessoas. Isso ocorre porque não há atendimento aos finais de semana. A criação do Posto de Triagem da capital, segundo ele, ajuda a tornar os trabalhos de orientação aos estrangeiros do país vizinho de forma organizada.
Toda a estrutura de atendimento conta com apoio de instituições como Polícia Federal, que auxilia nos documentos de regularização no Brasil; Receita Federal, que atual na confecção de CPF; Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que atua na expedição de carteiras de trabalho; entre outras.
Na parte de humanização, os serviços são desenvolvidos por meio do Ministério dos Direitos Humanos (MDH); do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur); da Cruz Vermelha; do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef); do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa); e da Organização Internacional da Migração (OIM).
“Em Pacaraima, nós temos um posto de triagem inicial, porém, muitos imigrantes já haviam adentrado a fronteira e solicitaram entrada no país como turista. Então, nessa condição, eles entraram normalmente e aqui [na Capital] se deram conta de que a situação é ainda mais grave do que imaginavam. O fato é que muitos estão regularizando situação aqui, por isso a importância de se ter esse posto de triagem e manter o posto de triagem de lá. A ideia é que eles entrem por lá, já consigam a emissão dos documentos que falta lá, para quando chegarem aqui, já estejam aptos para a interiorização”, destacou.
PERCEPÇÃO – Prestes a deixar o cargo de porta-voz da Operação Acolhida, o Major Tassio Oliveiras destacou a importância das ações realizadas em Roraima no acolhimento aos imigrantes. Ele também salientou o espírito humano da população local no apoio aos venezuelanos.
“Eu deixo a minha função no dia 16, mas durante esse período de três meses que estive à frente das ações de comunicação, pude acompanhar todas as atividades que são desenvolvidas. Nós, que somos de fora, geralmente costumamos a ter uma visão distorcida das coisas, mas quando encaramos a função, percebemos que a realidade é totalmente outra. Aqui, pude ver o quanto essas pessoas precisam de ajuda e também observei o quanto o roraimense é acolhedor. Mesmo diante de uma situação tão chocante, ainda assim as pessoas se articulam para ajudar como podem”, completou.
Não há previsão para novas interiorizações
Questionado sobre a previsão de novas interiorizações, o major Tassio Oliveira informou que o Governo Federal deve realizar um novo processo ainda essa semana. A data certa ainda não foi definida.
“Para esse tipo de atividade, é necessário ver o local de destino, situação que está em negociação. É importante salientar que esse processo não é feito de qualquer maneira. Existe todo um trabalho, uma preocupação para que essas pessoas possam ir para outro lugar e possam ter condições mínimas de recomeçarem suas vidas e serem absorvidas pela sociedade brasileira”, informou.
NOVOS ABRIGOS – Sobre novos abrigos, o porta-voz da Força-Tarefa disse haver a possibilidade de conclusão das obras do Rondon 3 até o fim deste mês, possibilitando a abertura de novas vagas.
“O Rondon 3 vai funcionar ao lado do Rondon 1 e 2, que são dois abrigos do bairro 13 de Setembro, e ele vai possibilitar a abertura de mais mil vagas para abrigamento e, a partir daí teremos possibilidade de retirar mais mil pessoas das ruas, aliviar o fluxo desses problemas de vulnerabilidade nas ruas de Boa Vista”, concluiu.