Cotidiano

Em Roraima, 24 mil candidatos fazem Enem

Onde há escolas ocupadas por causa do protesto dos estudantes, provas do Enem foram adiadas para dezembro

Os 24.031 estudantes roraimenses inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizarão as provas hoje e amanhã. Em uma situação diferente, 240 mil inscritos de 19 estados brasileiros tiveram as provas adiadas para os dias 3 e 4 de dezembro devido à ocupação de escolas por alunos que protestam contra a reforma do Ensino Médio e a PEC 55, a antiga PEC 241, que estabelece limite aos gastos públicos.

Roraima é um dos oito estados, como Rondônia, São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Amapá, Acre e Amazonas, que não possuem unidades educacionais ocupadas. Nos demais estados, os inscritos que fariam as provas em escolas que passam pela intercessão dos manifestantes representam 3% dos 8,6 milhões de estudantes que prestarão o Exame em todo o Brasil.

As informações foram divulgadas essa semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). De acordo com as divulgações de 16 mil locais selecionados para a aplicação das provas, 364 em 126 municípios brasileiros foram ocupados. Segundo a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), são 1.072 escolas ocupas e entre os estados com o maior número de ocupações estão Minas Gerais (MG) e Espírito Santos (ES).

Nessa semana, o Ministério Público Federal (MPF) do Ceará (CE) solicitou o cancelamento do Enem. O pedido foi negado pela Justiça Federal do mesmo estado. O argumento apresentado pelo procurador da República, Oscar Costa Filho do MPF, era de que o adiamento apenas para alguns ocasionará prejuízos à isonomia do exame com provas e temas de redação diferentes para aqueles que forem prestar o exame somente em dezembro.

Com a decisão, permanece para este final de semana a aplicação das provas em escolas não ocupadas. Os candidatos poderão ter acesso ao cartão de confirmação e os locais de provas na página do Inep na internet.

OPINIÃO – Em Boa Vista, alguns candidatos ao Enem ouvidos pela Folha concordaram com a ocupação das escolas por considerarem que os estudantes possuem direito de se manifestar, principalmente, contra a Reforma do Ensino Médio, que é uma proposta pelo Executivo Federal, por meio da Medida Provisória (MP) 746/2016, encaminhada para votação no Congresso Nacional.

A reforma traz propostas para reduzir o conteúdo obrigatório e flexibilização da grade curricular. “Os estudantes não estão totalmente errados em ocupar as escolas porque estão lutando pelos seus direitos”, disse o inscrito Uailan Martins, 19, que prestará o Exame para o Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

A estudante do segundo ano do Ensino Médio, Vivian Aragão, 15, considera justo que o adiamento das provas nos locais ocupados fosse estendido a todo o Brasil para que candidatos não sejam prejudicados com provas diferenciadas.

“Prorrogar para uns alunos e não para os demais pode implicar em provas com níveis de dificuldade diferentes, sem falar dos gastos a mais para o Governo que terá de realizar o certame em datas desiguais”, disse a candidata que está se preparando desde o início do ano para prestar o Exame para o Curso de Medicina da UFRR como forma de adquirir experiência para o Enem do próximo ano. (A.D).

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