Todo mês o empresário Remídio Monai precisa ir até Porto Velho, em Rondônia, ao menos uma vez. Ao pesquisar o preço da passagem entre os dias 17 e 22 de maio, ele tomou um susto: ida e volta a R$ 10 mil.
“Geralmente saio de Boa Vista, mas essa semana que passou, fui de ônibus até Manaus, e comprei de lá para Porto Velho. Custou R$ 4,6 mil ida e volta”, contou Monai.
Em um ano, o valor da passagem saindo da capital roraimense, para qualquer destino do país, aumentou 54,83%. O valor foi coletado em levantamento da FolhaBV com base nos dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2023.
A alta nos preços, no entanto, não é exclusividade de Roraima. Os altos valores das passagens na região Norte, inclusive, chegaram a ser discutidos em audiência pública da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados. Os parlamentares criticaram os altos valores e sugeriram o incentivo à concorrência como solução para reduzir os preços.
Em fevereiro do ano passado, a média do valor praticado pelas empresas aéreas era de R$ 1.011,91. O maior preço na época era o da LATAM, com média de R$ 1.046,26, seguido da Azul com R$ 995,60 e a Gol com R$ 993,90
Já em fevereiro deste ano, a média saltou para R$ 1.566,82. O maior preço era da Azul, com média de R$ 1.648,81, seguido da LATAM com R$ 1.587,03 e Gol, com R$ 1.464,61.
A reportagem buscou as três empresas aéreas para saber quais os motivos da alta.
Confira o posicionamento da Latam:
A LATAM Airlines Brasil informa que a precificação do setor aéreo é dinâmica em todo o mundo, e considera diversos fatores para oferecer a cada cliente o produto mais adequado, de acordo com a necessidade de cada perfil de passageiro. Os preços das passagens variam de acordo com uma série de fatores, tais como oferta/demanda, compra antecipada, sazonalidade, origem e destino do voo, preço do combustível etc.
A Gol e a Azul ainda não se manifestaram à respeito.
Monai aponta que a viagem de ônibus é uma saída para quem deseja transitar pela região Norte. Mas há casos como o da BR 319, que tem o fluxo comprometido entre janeiro e maio. Para ele, as empresas aéreas acabam aproveitando a situação “para explorar os passageiros”.
“Cada vez que você vai pesquisando, parece que quanto mais longe é, mais barato. Então, infelizmente, a nossa região é lamentável como a tratam”, disse.