Cotidiano

Embrapa estima produção de 800 hectares de cacau no sul do Estado

Plano de trabalho será implantado em Roraima após o descobrimento de novas técnicas de combate a doença que afetou plantações de cacau no país

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária de Roraima (Embrapa-RR) iniciou recentemente projeto que visa incentivar o plantio de cacau por produtores da agricultura familiar no Sul do Estado. De acordo com o pesquisador chefe geral da Embrapa-RR, Otoniel Ribeiro Duarte, o projeto surgiu em razão da instalação dos Fóruns de Agricultura Familiar no Estado, que reúne representantes da agricultura a nível federal, estadual, municipal e as cooperativas e associações de produtores de todos os municípios do interior.

“No início desses fóruns, quase todas as demandas que vinham eram relativas à regularização fundiária e acesso. Depois dessas demandas, surgiu a cultura do cacau como uma demanda nos municípios de Rorainópolis, Caroebe e São João da Baliza, por ter muitas pessoas oriundas das regiões do sul do Pará, Rondônia e do sul da Bahia, que conhecem a forma da produção, a sua segurança e o seu alto retorno econômico”, revelou o pesquisador.

Segundo Duarte, o projeto também ganhou força em razão da retomada da produção de cacau, após uma queda de quase 20 anos, principalmente por conta de uma doença que atacou as plantações de cacau, chamada de “vassoura de bruxa”. De acordo com o pesquisador, os produtores rurais estão conseguindo reverter a situação com auxílio da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).

“A Ceplac começou um programa de controle da ‘vassoura de bruxa’ e esse programa tem várias vertentes. Uma delas, que é a principal, é a vertente do melhoramento genético, obtenção de materiais tolerantes ou resistentes à doença. A Ceplac conseguiu isso na última década, então, a cultura do cacau começa a recuperar a sua força”, informou.

Otoniel Duarte disse também que, com a resolução do problema envolvendo a doença que atacou as plantações, muitas famílias de produtores rurais já se mostraram interessadas em participar da produção. No entanto, por conta da falta de orçamento da Embrapa, o projeto tem que ser promovido quase que inteiramente pelo próprio agricultor. “Nós não temos recursos, então, o agricultor vai ter que arcar com as embalagens para venda do produto, com o fertilizante, a muda e conseguir a semente que vem de fora”, acrescentou.

Porém, a expectativa é que até maio do ano que vem já se tenha assegurado 400 mil sementes resistentes à “vassoura de bruxa” certificadas pela Ceplac. “Nós começamos com 50 famílias cadastradas no Entre Rios e hoje nós temos 357 famílias. Foi discutido inicialmente que cada família deve plantar inicialmente em torno de dois hectares, o que significa mais de 700 hectares entre abril e maio de 2017”, disse Otoniel. O pesquisador disse que ainda deverão ser realizadas outras reuniões com agricultores interessados em participar da produção e que o número de hectares plantados pode aumentar até lá, chegando a 800 hectares.

As próximas reuniões serão realizadas na quarta-feira, 9, às 15h, na BR-432, na Vila do 75; na quinta-feira, 10, às 09h, no refeitório do Pastor Zezinho, em Caroebe; e na sexta-feira, 11, na Vila do Equador. A reunião é aberta à comunidade e os produtores poderão tirar suas dúvidas com os técnicos competentes.

CRITÉRIOS – O pesquisador informou que, para participar, o produtor deve seguir os critérios estabelecidos pelos Fóruns da Agricultura Familiar, entre eles, a mão de obra própria e a segurança da própria terra. “O perfil das pessoas que estão neste projeto é de 25 a 47 anos, que têm conhecimento da produção agrícola e que acreditam no projeto. Nós temos plena consciência que o projeto vai mudar a matriz econômica do sul de Roraima e que vai refletir no Estado como um todo”, acrescentou. (P.C)