Um representante da Construtora Mízula procurou a Folha para denunciar possíveis irregularidades no processo licitatório nº 239/2015, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), ocorrido em abril deste ano, para contratação de empresa especializada na prestação de serviços de engenharia para realizar manutenção predial e reparação de escolas públicas do município. A empresa entrou com mandado de segurança e formalizou denúncia junto ao Ministério Público do Estado (MPRR).
Conforme o advogado Marcelo Carvalho Ribeiro, houve um possível direcionamento de licitação favorável a uma segunda empresa concorrente, a Norte Eletro, que apresentou no pregão proposta de R$ 3.995.317,92, cerca de R$ 151.126,44 a mais que a construtora Mízula. “Como é um processo que envolve obra e reforma, depois da abertura dos envelopes a comissão encaminhou a proposta de preço para a Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo [Smou]”, disse.
Ele informou que a Mízula foi desclassificada por conta da ausência de declaração material e de garantia, conforme parecer da Smou. “Depois que nós entramos com recurso administrativo, a secretaria reconheceu o equívoco em relação aos itens não apresentados pela empresa”, afirmou.
Conforme o advogado, a Secretaria de Obras teria apresentado outro motivo para a desclassificação da empresa, alegando que a Norte Eletro teria apresentado pesquisas de custos e índices da construção civil com alíquota de 2015. “A Lei 13.161/2015 alterou a alíquota de 2% para 4,5%. A empresa Mízula apresentou proposta com o preço menor, usando alíquota dentro da lei, mas a empresa que apresentou proposta maior, com alíquota que não estava prevista em lei foi classificada”, explicou.
Ribeiro afirmou que impetrou mandado de segurança contestando os argumentos da desclassificação no processo licitatório, e obteve a concessão do pedido. “Ainda assim, a Prefeitura entrou com recurso pedindo efeito suspensivo alegando que a Mízula deveria ter contestado o edital antes do resultado final. Eu esperava que eles fossem acatar a decisão do juiz, mas recorreram e em momento algum no recurso falaram de valores”, contestou.
O advogado denunciou que a Prefeitura teria alegado urgência na reforma e manutenção das escolas, argumentando ainda a necessidade de assinatura do contrato. “A alegação da Prefeitura é duvidosa porque a Mízula sempre esteve pronta para assinatura do contrato e prestação do serviço. Se houvesse pressa mesmo, eles veriam que o juiz nos concedeu a liminar e chamariam a empresa para homologar e assinar o contrato”, frisou.
PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista informou que a empresa Mízula foi desclassificada em razão de ter apresentado proposta de preço contendo alíquota de tributo em desconformidade com o previsto no edital de licitação, sendo que “tal equívoco fere a igualdade entres os licitantes, o que não pode ser aceito pela administração pública”. Informou ainda que o caso está sendo analisado pelo Judiciário.