Com a crise migratória venezuelana, o número de atendimentos na rede pública de saúde aumentou consideravelmente, de forma repentina. Com isso, o efetivo de médicos em Roraima já não consegue mais suprir uma demanda, que tende a crescer cada vez mais.
Por causa disso, dez técnicos da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) estão em Roraima, para realizar um levantamento de quais as áreas que mais precisam de efetivo médico e qual a estrutura que pode ser oferecida para eles. O objetivo da análise: enviar um efetivo que possa desafogar as demandas direcionadas ao Estado, de acordo com as áreas de atuação e locais que mais precisam. O estudo, que começou a ser feito ontem, 16, tem previsão de ser encerrado hoje, 17.
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares é uma empresa pública de direito privado, que presta serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, assim como a prestação de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública às instituições públicas federais de ensino.
O deputado federal Hiran Gonçalves (PP), que está acompanhando o andamento do projeto em Roraima, explicou que a ideia do levantamento visa tratar da rede pública de saúde como um todo, sem que haja uma divisão entre brasileiros e imigrantes. “Hospital Geral, das Clínicas, Cosme e Silva, o de Rorainópolis, todos estes serão avaliados. Perguntaremos quais os profissionais necessários e qual a estrutura que possuem para recebê-los. O levantamento será feito não abrangendo somente venezuelanos, mas o estado de Roraima como um todo. Afinal, o foco aqui não é segregar, mas sim abranger toda a população. Queremos saber quais os profissionais que o estado mais está precisando”, explicou.
O parlamentar também mencionou que a ajuda da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares vem em um momento de extrema necessidade, uma vez que, segundo ele, nem o Exército Brasileiro parece conseguir suprir a demanda de atendimentos sendo destinados aos imigrantes.
“O Exército trouxe uma estrutura muito boa para atendimento, no Centro de Acolhimento de Imigrantes, em Pacaraima. Entretanto, vemos que o efetivo não está resolvendo o nosso problema na saúde pública do estado. Se, com a destinação desse efetivo, diminuirmos as filas de cirurgias de vesícula e hérnia no estado, que são as mais requeridas aqui, já dá um impacto absurdo na demanda reprimida que possuímos”, frisou.
Segundo o coordenador-geral da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, Waldir João Junior, até então, a rede de 40 hospitais universitários e 50.000 funcionários em todo o país estava impedida de realizar transferência de profissionais dentro dos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias da União. Entretanto, após criação de emenda, a empresa está autorizada e Roraima é um dos estados que mais precisa dessa ajuda no efetivo.
“Apesar de o Governo Federal possuir emendas que autorizam empresas ligadas ao Ministério da Saúde a transferir profissionais para a rede pública, estávamos impedidos de realizar esse tipo de repasse, pois somos subordinados ao Ministério da Educação. Mas uma nova emenda foi aprovada, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, concebendo a autorização para nós de atuar na rede pública em todos os estados do país”, explicou.
CARÊNCIA DE PROFISSIONAIS – De acordo com matéria divulgada pela Folha em março deste ano, o Estado conta com o efetivo de 816 profissionais para atender uma população de mais de meio milhão de habitantes. Esse índice é considerado 29% menor do que a média nacional, com a proporção de 1,56 médico para cada mil pessoas.
Dentre estes médicos, 87% atuam em Boa Vista. Áreas de cirurgia cardiovascular, de mão, do aparelho digestivo, torácica, medicina esportiva, medicina física e reabilitação, medicina nuclear e nutrologia possuem, cada uma, um profissional no estado. Os dados foram divulgados pela Pesquisa Demografia Médica 2018. (P.B)