“O mínimo que eles poderiam fazer seria avisar. Está virando a casa da mãe Joana”, reclamou a artista plástica Petita Brasil à FolhaBV, após um novo episódio envolvendo o casarão da sua família e as obras do Parque Rio Branco, no Centro de Boa Vista, com previsão de entrega para dezembro de 2020.
Desta vez, Luíza Carmem Brasil Bueno, a Petita, foi surpreendida na sexta-feira (9) com a retirada dos tapumes colocados depois do muro do casarão ser derrubado durante as obras da Prefeitura, em julho deste ano.
Com a reclamação da proprietária do imóvel, os servidores da empresa responsável pela obra, colocaram os tapumes no lugar. Revoltada, Petita decidiu expor a situação nas redes sociais.
“Eu não sou contra o desenvolvimento, longe de mim. Assim como eu, existem diversas pessoas que amam essa terra. A gente quer o desenvolvimento, mas também queremos respeito. Eles acham que tirando o tapume e não passando de lá pra cá, não invadiram, mas tiraram a privacidade”, disse Petita à FolhaBV.
Em junho, a FolhaBV mostrou os danos na estrutura física da “Casa Petita Brasil”. Segundo a artista plástica, rachaduras, infiltrações e deslocamento do telhado começaram a surgir no imóvel, distante apenas 60 metros das obras do parque. A derrubada do muro foi o ‘estopim’ e o caso foi levado a justiça, com diagnóstico de arquiteto particular e do Conselho Regional Engenharia e Agronomia de Roraima (Crea-RR) anexados no processo.
Em nota, a Prefeitura de Boa Vista, por meio da Secretaria Municipal de Obras (SMOU), informou à reportagem que a obra em questão é do muro do Parque do Rio Branco e não da ‘Casa Petita Brasil’.
“A empresa executora das obras do Parque Rio Branco apenas deslocou o tapume para a divisa exata entre os terrenos para execução do muro (do Parque do Rio Branco), pois o tapume estava recuado para dentro do terreno do parque. A obra é executada em área do município’, justifica.
Em relação ao muro do casarão, a SMOU diz que a empresa responsável pelas obras iria reconstruí-lo à época em que o mesmo caiu, mas a proprietária não autorizou.
“A secretaria esclarece que assim que a proprietária autorize, a empresa fará a reconstrução do muro da residência”, finaliza.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
A casa da Família Brasil foi a segunda construída em Boa Vista (quando esta ainda era denominada Vila de Boa Vista do Rio Branco) e pertenceu inicialmente ao coronel Bento Ferreira Marques Brasil.
A estrutura é mantida no estilo neoclássico. Todo o material usado na construção foi transportado por via fluvial, vindo de Manaus, mas muitas peças eram importadas da Europa.
Em 15 de outubro de 1993, a casa foi tombada como patrimônio histórico pela Prefeitura de Boa Vista.