Cotidiano

Empresa vai produzir energia elétrica a partir de óleo bruto de dendê

Um projeto inédito no Brasil será implantado em Roraima para produção de energia elétrica renovável a partir da geração de óleo bruto da palma de dendê. O programa é da empresa Palmaplan, que faz parte do Grupo Oleoplan, com sede em Porto Alegre-RS, e foi uma das vencedoras do leilão de energias alternativas para Roraima, realizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) no final de junho deste ano. 

Segundo o diretor de operações do Grupo Oleoplan, Giovani Cruz, que esteve na Folha junto com o gerente da Palmaplan, Alexandre Borba, e a analista administrativa Lidiani Lenz, o grupo é dedicado à geração de energia elétrica e está investindo em Roraima desde o ano de 2008, quando iniciou a plantação de dendê para a geração de biodiesel. 

Ele afirmou que a usina de geração de energia será construída na zona rural do Município de Rorainópolis, a dois quilômetros do centro da cidade, e que vai gerar 11,5 Megawolts de energia. 

“Já temos uma área definida e estamos ultimando detalhes com licenciamento ambiental e a compra de material de fornecedores locais para iniciar a construção e, quando pronta, estaremos conectados a subestação de Rorainópolis e com capacidade para abastecer 35 mil unidades família, considerando um consumo de aproximadamente 240 KWh por família/ mês”, disse.

Ele explica que a transformação de óleo vegetal in natura, bruto, do dendê em energia é um fato pioneiro no Brasil, mas muito utilizado em países como a Itália e no Japão.  

“Essa será a primeira usina dessa natureza no Brasil”, afirmou. “E vai funcionar a partir da extração do óleo do fruto de dendê, depois passar por um processo de purificação e antes de virar o biodiesel, que é a nossa especialidade, ainda in natura, vai ser utilizado para queimar em motores de combustão de média rotação acoplados em um alternador e gerador para produzir energia elétrica”, afirmou. 

“A energia produzida na nossa usina será comprada pela Roraima Energia e já estabelecemos um contrato pré-definido de 15 anos de duração da compra dessa energia”, disse.

As próximas atividades serão a finalização da instalação da indústria de extração do óleo com matéria prima provinda das plantações da empresa e de parceria com agricultores familiares da região. 

“Vamos inaugurar ainda este ano a indústria de geração de óleo e iniciar os trabalhos de instalação da termoelétrica”, disse. “O prazo legal definido em edital para entrarmos em operação com a energia produzida é junho de 2021, mas queremos antecipar o início da operação em seis meses”, afirmou. 

Ele disse que os investimentos da empresa no Estado chegam a aproximadamente R$ 175 milhões. Desde 2008, na fase de implantação do projeto da plantação da palma, e agora com instalação da usina de extração de óleo, os investimentos chegam a R$ 105 milhões, e como a empresa venceu o leilão de energia serão investidos mais R$ 70 milhões na construção da usina de geração de energia 11,5 megawats de potência.

“A empresa percebeu uma oportunidade no Estado de investir na plantação de palma de dendê em 2018 e depois de investigar as melhores regiões, que é a região Sul do Estado, começamos a desenvolver o projeto de plantio e agora vamos iniciar a construção da usina de geração de energia”, disse.   

Projeto gera emprego e renda continuado no Sul do Estado


Plantação de palma de dendê no sul do Estado (Foto: Divulgação)

O diretor de operações do Grupo Oleoplan, Giovani Cruz , informou à Folha que hoje a Palmaplan tem mais de 30 mil hectares em terras próprias, sendo 2.500 hectares plantados de palma de óleo e mais 300 hectares cultivados em parceria com 30 famílias de agricultores no regime de agricultura familiar, com geração de emprego e renda continuado, antes, agora e no futuro. 

“Temos exemplo de sucesso na agricultura familiar com produtores que perseveraram e apresentam bom manejo da cultura e que chegam a ter renda de R$ 8 mil mensais com o cultivo do dendê”, disse. 

“Embora no começo do programa tenhamos dado todo suporte técnico, financiamento, acompanhamento e a compra garantida da produção, foi um início de dificuldade e das 50 famílias iniciantes 30 permanecem no projeto e têm uma boa renda”, disse. “E estamos abertos ao acesso de mais produtores que queiram participar do projeto, basta procurar a Palmaplan”, afirmou.

A empresa oferece hoje a capacidade da indústria de extração de óleo de palma, localizado na Vila do Equador, de 288 toneladas de cacho de fruta fresca por dia.

“Isso é motivo de grande satisfação na empresa, saber que estamos investindo numa área importante para o crescimento e desenvolvimento do Estado, que é a produção de energia, e ainda empregando mais de 170 colaboradores na agricultura da Vila de Equador, no Município de Rorainópolis, e estimamos que serão contratados mais 130 profissionais, sendo 80 para a produção agrícola da Palmaplan, mais 25 profissionais para a indústria da extração de óleo e mais 25 para a usina de geração de energia.  

Giovani Cruz disse que até o ano passado a estratégia da empresa era de produção de biodiesel, porém percebeu a oportunidade de investir na carência de energia no Estado.

“Diante da oportunidade aberta no Estado resolvemos mostrar nosso conhecimento de produção de energia renovável e usar esse conhecimento a serviço da população local e habilitamos esse projeto inovador”, concluiu. (R.R)