Maior produtor de tambaqui em cativeiro do Brasil, o roraimense Aniceto Wanderley está preocupado com a competitividade que a construção da BR 319, que liga Porto Velho, em Rondônia, a Manaus, no Amazonas. Aniceto afirmou que isso vai fazer o produtor de Rondônia chegar em pé de igualdade com os roraimenses e ressalta a importância de aprender novas técnicas de produção e de redução de custos do pescado.
“O produtor de peixe de Roraima tem que começar a aprender a reduzir custos de produção para ter mais competitividade no mercado”, disse. “Com a construção da BR que liga Rondônia a Manaus, os produtores de Rondônia vão ter as mesmas condições de abastecer o mercado manauara e vamos sofrer uma competitividade bem maior de que a que existe hoje”, afirmou.
Ele lembrou que hoje os produtores de Roraima colocam o peixe nas bancas do mercado de Manaus em menos de 24 horas. “Já o produtor de Rondônia leva, hoje, quatro ou cinco dias, e com o asfaltamento vai levar o mesmo tempo que os produtores de Rondônia levam para chegar a Manaus”, disse.
Para reduzir custos e melhorar a produção, Aniceto disse que os produtores precisam entender três pontos básicos: Melhorar a qualidade da água, qualidade da ração e a genética do peixe.
“Já estamos trabalhando nestas três áreas no CTA (Centro de Tecnológico de Apicultura), onde temos um centro de pesquisa de alevinos, no Amajarí, para melhorar a nossa produção com todos os peixes recebendo um microchip, feito o genoma com detalhes da vida do peixe, e com isso não fazemos mais o cruzamento entre parentes, o que melhorou muito o peso do pescado”, disse. “Antes conseguíamos desenvolver um peixe em um ano com 3,2 mil quilos, hoje alcançamos 3,7 ou 3,8 quilos, no mesmo período, com a melhora da genética”, disse.
Outro ponto é quanto à nutrição e conversão alimentar do pescado para saber quanto é usado de ração para gerar um quilo de peixe. Quanto à qualidade da água, ele destacou a utilização de probióticos para melhorar a qualidade da água.
Ele ressaltou ainda que no centro de pesquisa é feita a seleção de matriz reprodutora de alevinos com linhagem em chip.
“Quando vendemos os alevinos, já fornecemos ao produtor o certificado de registro genealógico com todas as informações da família, quem é o pai, a mãe e os avós paternos e maternos e com atestado de sanidade”, disse.
FRIGORÍFICO – Aniceto Wanderley afirmou que tem hoje uma produção de peixe de 12 mil toneladas anuais na região do Amajarí e Cantá, em mais de 300 tanques de criação, o que corresponde a aproximadamente 1,4 mil hectares de lâmina d’água. Ele disse que a meta é chegar à produção de 25 mil toneladas até 2022.
Para isso o produtor está iniciando a construção de um frigorífico para beneficiamento do peixe que vai agregar valores para exportação.
“Vamos trabalhar as peças do peixe, como o filé, a parte da costela os pedaços nobres do peixe e inclusive fazer o hamburguer de tambaqui que pretendemos trabalhar para incorporar na merenda escolar”, disse.
A ideia permanece para vender para Manaus e depois chegar ao mercado exterior exportando para os Estados Unidos e Europa.
“Hoje vendemos o peixe in-natura para Manaus, que mantém o hábito de comer o peixe frigorificado (congelado). Mas a intenção é lavar o peixe (tirar as vísceras) e agregar valor ao produto. Trabalhar o filé e embalar em caixinha, assim como também a banda do tambaqui”, disse. “Para não atrapalhar os demais produtores locais, só vendo no Estado se faltar peixe no mercado”, afirmou.
O frigorífico será construído no Município do Amajarí, onde está localizado mais de 90% da produção de pescado do empresário.
“Com a construção deste frigorífico vamos abrir de 60 a 70 vagas para colaboradores trabalharem na produção do peixe”, disse. “Inclusive já começamos a contratar técnicos das primeiras turmas de nível superior de Piscicultura do Instituto Federal de Roraima, que vão trabalhar no Amajarí. Serão oito ou dez técnicos contratados”, afirmou. (R.R)