Cotidiano

Empresários dizem que vão segurar reajuste

Embora o impacto seja grande com o reajuste da tarifa de energia, empresários dizem que ainda não vão repassar para seus clientes

O consumidor residencial e o empresariado roraimense foram pegos de surpresa com a suspensão da liminar que impedia a Eletrobras Distribuição Roraima de reajustar a tarifa de energia elétrica em 40,33% para os consumidores de baixa tensão e de 43,65% para as empresas (consumidores de alta tensão), desde novembro do ano passado. A decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) autorizou a aplicação do reajuste da tarifa e ainda a cobrança do retroativo de forma parcelada desde 1º de novembro de 2015 (Veja mais na página 04A).

A Folha conversou com gerentes e donos de supermercados, salão de beleza e fabricante de sorvetes, que são consumidores em potencial de energia elétrica em Boa Vista. Eles reclamaram do aumento e afirmaram que não devem repassar o reajuste para os consumidores neste primeiro momento.

O gerente de uma das lojas da rede de supermercados, Rogério Silva dos Santos, disse que o impacto econômico nas finanças da rede sobre o aumento nos custos de energia a mais será de aproximadamente R$ 26 mil por mês, nas três lojas. Ele calculou um prejuízo de aproximadamente R$ 123 mil, referente ao pagamento retroativo dos meses de novembro de 2015 até o mês de abril deste ano.    

“Esse aumento é absurdo e uma falta de consideração com a população e os empresários de Roraima. Ainda mais nesse momento de crise que passamos e com um sistema de energia precário que nos é oferecido, que nos dá prejuízo com queima de maquinários, devido à oscilação e falta de energia por longos períodos. Isso prejudica a classe empresarial e a população em geral”, disse.

Santos afirmou que, pelo menos nesse primeiro momento, a intenção é de não repassar o aumento para os consumidores. “Vamos sentar e estudar a melhor maneira de não ter que repassar essa conta para o consumidor final neste momento, mas futuramente vamos ver de que forma poderemos repassar um percentual para o consumidor sem perder o cliente”, frisou.

Nilda Gonçalves de Carvalho, dona de um salão de beleza, disse que está no ramo há dez anos e paga, em média, R$ 5 mil por mês. Com o aumento, ela deve passar a pagar de R$ 7 a R$8 mil, mas disse que não vai repassar o reajuste para a clientela. “Justamente agora, nesse tempo de crise que enfrentamos, vem esse aumento de mais de 43% na tarifa de energia. Não vamos repassar esses valores para a clientela, até porque nossos clientes também vão estar sofrendo um aumento de 40% em sua contas de energia. Se repassarmos esse aumento, poderemos perder o cliente. Nossa intenção é fidelizar nossa clientela cada vez mais”, afirmou.             

O empresário da indústria de sorvetes, Luiz Avelino, disse que hoje paga, em média, R$ 9 mil por mês de energia e, com esse aumento, terá que desembolsar aproximadamente R$ 13 mil. Ele afirmou que já aguardava o aumento e vinha se preparando para esse novo momento. Também disse que, no momento, não vai repassar o valor. “Tem a questão da concorrência e vamos acompanhar o mercador para poder definir. Embora sabemos que, no final, teremos que repassar isso para o consumidor final, nossa parte não será na mesma proporção”, frisou. (R.R)